06 outubro, 2014

Quando eu era Joe


Como é possível viver mentindo sobre todas as coisas?


  
Por Cinthia

Imagine o que é perder, em uma única noite, sua casa, seus amigos, Como é possível viver mentindo sobre todas as coisas? Sua escola e até mesmo o seu nome. Aos 14 anos, Ty presencia um crime bárbaro num parque de Londres. A partir desse momento, tudo muda para ele: a polícia o inclui no programa de proteção à testemunha, e Ty é obrigado a assumir uma vida diferente, em outra cidade. O menino ingênuo, tímido, que costumava ser a sombra do amigo Arron, matricula-se na nova escola como Joe... E Joe não poderia ser mais diferente de Ty: faz sucesso com as meninas, torna-se um corredor famoso... Joe é tão popular que acaba incomodando os encrenqueiros da escola. Ser Joe é bem melhor do que ser Ty. Mas, logo agora, quando ele finalmente parece ter se encaixado no mundo, os atentados e ameaças de morte contra sua família o obrigam a viver no anonimato, em fuga constante e sob a pressão de prestar depoimentos sobre uma noite que ele gostaria de esquecer. Um livro – de tirar o fôlego! – sobre coragem e sobre o peso das consequências do que fazemos.



Série: livro 1
Keren David
318 páginas
Novo Conceito


Sempre sou seduzida por algumas capas, peguei esse livro para ler por causa disso. Gostei dos temas desenvolvidos, sei que alguns não foram bem trabalhados como poderia ser, como o da automutilação, mas para mim foi ótimo estar dentro da cabecinha turbulenta e adolescente de hormônios masculinos se aflorando do Joe.

Joe é um garoto de 14 anos que se vê em um emaranhado de situações perigosas devido a um crime que assistiu. Tem sua vida completamente tirada dele, sua identidade, família, amigos e escola, e entra em um grande conflito interno com o que pode, deve ou não relatar à polícia, pois sempre, sempre há algo a mais na história contada e não contada. O suspense fica ai, o que aconteceu a mais, ou a menos, Joe não conta, por quê? Então não é um grande suspense, mas me deixou na expectativa.

A narrativa se dá em primeira pessoa, leve e rápida, e como o título sugere, é alguém contando como foi sua vida em um determinado momento. Joe, ao narrar sua história, intercala com a versão de quando ele era ele mesmo e depois como Joe. Há todo o conflito de deixar toda uma vida para trás e construir uma nova sem alicerce nenhum de um passado, o problema da confiança no programa de proteção de testemunhas da polícia, problemas na escola, como o bullying, racismo, a busca por seu eu verdadeiro – que muito ocorre nessa fase com todo adolescente, a indecisão e insegurança do começo de uma vida sexual ativa, e de fazer o que simplesmente gosta em busca de um futuro melhor, que causa mais polêmica na vida dele, pela mãe de Joe não aceitar suas escolhas.

O livro retrata problemas normais da adolescência, desafios de todo adolescente, apesar de cada um ter seu percentual em cada coisa, mas seja onde for, oportunidades são oferecidas, a de estar no bom caminho com boas pessoas, a de estar no caminho mal e com pessoas de má índole, ou de não estar (ser um adolescente recluso). Só que além desses problemas, ele tem de lutar pela própria vida, pois alguém pretende eliminá-lo para que não preste depoimento sobre o assassinato que presenciou.

Nesse primeiro livro a autora mostrou mais os problemas pessoais, e também um tema pouco falado, que é da automutilação – se machucar para ter prazer – gostei muito dessa parte, mas queria que tivesse sido bem mais trabalhada. Mostrou que a troca de identidade não muda os problemas, só acrescentam outros diversos no percurso dessa nova jornada, e como a pessoa deve se desdobrar para vencer todos os medos e tristezas.

São vários personagens, os policiais que protegem Joe, Nicki – a mãe dele, a avô e tia. Seu amigo Arron. Os vários colegas da escola nova. Mas, a que mais gostei foi Claire e sua família.  A autora formou todo o ambiente do Joe e o incluiu ali, deu um ar de realidade em tudo que ele passava encima de um enredo simples, uma escrita fluida, a qual não se consegue parar de ler após iniciar. O li em horas.

Teve falhas? Teve, mas vou ler a continuação, pois gostei bastante desse primeiro livro, não busquei nele um livro adulto, algo surpreendente, uma ação frenética e nem um suspense de me deixar embasbacada, busquei e encontrei uma leitura agradável, divertida e com temas apresentados de forma inteligente. Tudo que sei é que a autora pode a partir desse início surpreender nos próximos livros – ou não. Faço minhas palavras as do The Fiancial Times: um livro “Para pensar (...)”


Doug nos dá instruções para procurarmos ser o mais discretos possível, não fazer muitos amigos, nunca telefonar para ninguém em Londres, nunca dar nosso endereço para ninguém. Ele obviamente não espera que tenhamos uma vida normal. Vai ser difícil lembrar do que posso contar às pessoas e do que devo esconder. Como se faz para mentir sobre tudo?







14 comentários:

  1. Oi Cinthia!
    A maneira inteligente que você diz serem colocados os temas foi o que me atraiu.
    Já adicionei aos desejados.

    Abraços
    LiteraMúsicas

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    1. Diego, a autora retrata temas que até então não tinha visto ainda, a única coisa ruim que ela não deu um bom encerramento para o tema da automutilação. Mas, é um para se divertir.

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  2. Gostei da resenha, me fez pensar em dar bem mais atenção a esse livro da próxima vez que eu for a livraria rsrs Todas as vezes eu olhava pra ele na prateleira e deixava lá, nem tocava nem lia resenha, nadinha... sinceramente não gostei da capa, sempre pensei "não faz meu estilo de livro" mas agora, acho que vou dar uma chance a ele rs

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    1. Sempre que tem azul em qualquer lugar fico deslumbrada, então é algo mais meu, do que uma capa linda. Pois não é bonita. É um livro que gostei de ler.

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  3. Conheço um grande mentiroso, que mente por tudo e já perdeu amizades por isso também

    ⋙ Um beijo, te espero no blog
    blog Livros com café

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    1. Pepi no caso do Joe ele não tem alternativa, mente ou morre. Pior que toda mentira é descoberta, mais cedo ou mais tarde. Pelo jeito seu conhecido já foi pego!

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  4. Esse tema parece bem inovador! Adolescente e duas identidades = mais que conflito! Ação policial e o reencontro do eu.

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    1. Muito conflito, e muitos outros sobre família e amigos. Gostei foi disso, esses conflitos e o reencontrar.

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  5. Cinthia!
    Tive oportunidade de ler esse livro e também fiz a leitura sem grandes expectativas, apenas porque achei que seria um livro policial e gostei e de me deparar com um enredo diferente.
    Claro que alguns assuntos poderiam ser mesmo mais desenvolvido, não apenas a questão da automutilação, mas também dos outros problemas enfrentados por Joe na nova vida e na escola, dúvidas bem adolescentes que poderiam ser mais elucidadas... ainda sim foi uma leitura salutar.
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. A que achei mais gritante Rudy foi a da automutilação por não ser algo resolvido só pela força de vontade da pessoa, e a forma simplificada que a autora escreveu deu a entender que é assim. Então achei gritante e sem base nenhuma na realidade. Agora, conflitos interiores e fantasmas do Joe realmente poderiam ser melhor colocados ou desenvolvidos, principalmente quanto a situação da família em si, mas para isso há outros ou outro livro, mas sobre a automutilação, pelo que vi, acaba ali naquele livro, não é algo a ser explorado mais a frente, então achei sem fundamento nenhum a atitude da autora de não dar maior explicação da recuperação da menina.

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  6. Parece ser um livro intenso. Já ouvi tanto sobre este livro que até fiquei curiosa a respeito. Mas a verdade é que no fundo não havia chamado minha atenção.

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    1. Leia, creio que não vai arrepender, só não leve muito a sério ou espere demais.

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  7. Estou muito curioso em relação a esse livro. Apesar de alguns comentários negativos que já vi a respeito, ainda tenho vontade de lê-lo.

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:) :( ;) :D :-/ :P :-O X( :7 B-) :-S :(( :)) :| :-B ~X( L-) (:| =D7 @-) :-w 7:P \m/ :-q :-bd

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