Resenha: Todo Dia

Resenha por Mallu

Editora: Galera Record
Páginas: 280

Diferente de tudo que já li até hoje, em Todo Dia, David Levithan nos apresenta A. Não é fácil falar de A, porque ao mesmo tempo em que é um personagem tão abstrato, ele também é muito real.

A acorda todo dia em um corpo diferente. Isso mesmo! Ele dorme em um corpo e acorda em outro, sempre da mesma idade e da mesma região do último corpo. Ele até já tentou ficar acordado pra ver o que acontecia, mas é bem pior sentir ser arrancado de um corpo que dormir e não sentir nada.

Uma ressalva importante! Estou me referindo a A como ele, porque infelizmente a tradução para a língua portuguesa não conseguiu manter a neutralidade em relação a questão de gênero masculino e feminino. Mas o autor criou o personagem com a intenção de não defini-lo. Homem ou mulher, alto ou baixo, branco ou negro, gordo ou magro... Nada disso importa.  A apenas é.

É bem interessante a maneira como A lida e respeita o corpo em que está, evitando julgamentos, afinal, ele está sendo a pessoa por apenas um dia e mesmo tendo acesso as memórias, ele não tem acesso aos sentimentos e ele não se vê no direito de julgar o que ele não conhece. Outra regra que ele mesmo se determinou é não interferir na vida do corpo: tentar seguir a rotina da pessoa por pior que possa ser.

Mas como já era de se esperar, ou pelo menos eu já esperava que acontecesse, A se apaixona. E o livro acaba girando em torno do seu amor por Rhiannon, menina que conheceu quando estava no corpo de Justin, namorado dela. E será que um amor tão improvável poderia se tornar real?  E é aí que o livro começa.

Os capítulos são divididos em dias, a narrativa é na primeira pessoa e o primeiro dia do livro é o dia em que ele conhece Rhiannon e daí por diante iremos conhecendo seus próximos corpos e as tentativas de A se encontrar com sua amada. Não é tão difícil porque ele sempre está a poucas horas dela. O único problema que isso acarreta é que ele começa a interferir na vida das pessoas em que ele habita. Por exemplo: a pessoa tem uma prova importante pra fazer na escola, mas A quer muito ver Rhiannon, então a pessoa entra no carro e dirige até a cidade de Rhiannon ao invés de ir pra escola. Vocês conseguem entender o que ele vai fazendo? Chega a um momento em que esses desvios tomam uma proporção inimaginável.

Quanto a Rhiannon, sinceramente, não conseguiu me conquistar. Achei a personagem chata, preconceituosa e em momento nenhum acreditei que alguma coisa fosse dar certo. E o pior é que A não percebia! Estava cego de amor. Desculpem o pessimismo diante desse relacionamento, mas o livro só não vai receber as 5 estrelas por causa dela. Com tantos personagens legais que apareceram durante o livro e ele escolhe a mais problemática e chata de todas?! Brincadeiras a parte, a história seria melhor aproveitada se essa obsessão de A pela garota ficasse em segundo plano.

E é claro que eu recomendo o livro. Totalmente mente aberta! O objetivo do David foi alcançado, uma vez em que ele conseguiu comover inúmeros leitores com uma forma única de se expressar e mostrar que o exterior e o biológico é o mínimo comparado a essência que trazemos em nosso interior. A mensagem é linda e sem dúvidas, é um livro que vale a pena ser lido!

 

Mallu