Este conto nos faz pensar sobre preconceito e de como isso pode gerar atos carregados de violência em sua vitima.
Num
ambiente de trabalho encontramos duas mulheres - Almira e Alice
.
Almira
sofria de obesidade e tentava sempre bajular a “amiga” magra e
calada que lhe suportava a presença sem a sua
desconfiança.
Por que Alice tolerava Almira, ninguém entendia. Ambas eram datilógrafas e colegas, o que não explicava. Ambas lanchavam juntas, o que não explicava. Saíam do escritório à mesma hora e esperavam condução na mesma fila. Almira sempre pajeando Alice. Esta, distante e sonhadora, deixando-se adorar
Até
que
num desses dias de trabalho, Almira chegando na empresa, topa com a
mesa de sua companheira vazia. Uma hora depois chega Alice
com os olhos vermelhos e abatida.
Almira
insiste em saber
o que se passou e
por qual razão, Alice se encontrava neste
estado. Mas Alice
nada revela.
Almira
a convida para almoçar e ambas sentadas a mesa inicia-se
novamente
o interrogatório.
Alice
não aguenta e a chama de gorda intrometida e
solta tudo o que ela guardava dentro de si sobre a pobre Almira.
Só a natureza de Almira era delicada. Com todo aquele corpanzil, podia perder uma noite de sono por ter dito uma palavra menos bem dita. E um pedaço de chocolate podia de repente ficar-lhe amargo na boca ao pensamento de que fora injusta. O que nunca lhe faltava era chocolate na bolsa, e sustos pelo que pudesse ter feito
Aqui
é que acontece algo inacreditável, Almira avança com toda a força
sobre Alice
e lhe
espeta um garfo em seu
pescoço.
E
fica ali parada
diante da "amiga" sangrando no chão.
Foi então que Almira começou a despertar. E, como se fosse uma magra, pegou o garfo e enfiou-o no pescoço de Alice. O restaurante, ao que se disse no jornal, levantou-se como uma só pessoa. Mas a gorda, mesmo depois de feito o gesto, continuou sentada olhando para o chão, sem ao menos olhar o sangue da outra
Na
cadeia tem conseguido viver muito melhor. Lá não precisa se
esforçar para agradar tanto.
Este
pequeno conto me fez pensar o quanto nós mulheres estamos fadadas a
pedir desculpas por ser quem somos.
Seja,
você gorda, alta, magra, bem sucedida, mal sucedida, mãe, negra,
não interessa, em algum momento você terá que se desculpar por ser
você mesma.
E não se esqueçam de ler a resenha da Silvia sobre este conto.
Só Clicar Aqui
*Este conto faz parte do livro - A Legião Estrangeira
Clarice Lispector - Todos os Contos
Editora Rocco - Capa Dura - 656 Pgs
Organizado por Benjamin Moser
Marcia Cogitare
Fiquei querendo demais ler esse conto!
ResponderExcluirEu ainda vou lê-los, Marcinha.
Amei a imagem base da resenha!
:D
Telma, leia o conto, tenho certeza que irá curtir.
ExcluirEu adorei a imagem, caiu muito bem com o tema do conto.
Hug
Fiquei com pena de Almira, a moça passou tanto tempo tentando ser uma boa pessoa e só a tratavam como estorvo. Realmente Márcia, é incrível como nunca somos boas o bastante para a sociedade, talvez o segredo seja o que a Almira descobriu, não nos esforçarmos tanto para agradar os outros (mas essa parte é bem complicada de aceitar). Beijos
ResponderExcluirJade, ser mulher é tão estressante né. A sociedade exige muito mais de nós.
ExcluirAja equilíbrio.
Hug
Meu Deus, fiquei preocupada com esse conto.. coitada dá Almira gente :( acho que ela só tava querendo ser legal com a amiga independente dela ser magra :( tô errada?!
ResponderExcluirPediremos desculpas por tudo de errado que não fizemos.. sempre!
Daiani, eu morri de dó da Almira. Ela só queria a amizade da Alice. Mas a coisa realmente saiu do controle, muito triste.
ExcluirHug lindona