10 maio, 2017

Para Sempre Alice

Alice sempre foi uma mulher de certezas. Professora e pesquisadora bem-sucedida, não havia referência bibliográfica que não guardasse de cor. Alice sempre acreditou que poderia estar no controle, mas nada é para sempre. Perto dos cinqüenta anos, Alice Howland começa a esquecer. No início, coisas sem importância, até que ela se perde na volta para casa. Estresse, provavelmente, talvez a menopausa; nada que um médico não dê jeito. Mas não é o que acontece. Ironicamente, a professora com a memória mais afiada de Harvard é diagnosticada com um caso precoce de mal de Alzheimer, uma doença degenerativa incurável. Poucas certezas aguardam Alice. Ela terá que se reinventar a cada dia, abrir mão do controle, aprender a se deixar cuidar e conviver com uma única certeza: a de que não será mais a mesma. Enquanto tenta aprender a lidar com as dificuldades, Alice começa a enxergar a si própria, o marido, os filhos e o mundo de forma diferente. Um sorriso, a voz, o toque, a calma que a presença de alguém transmite podem devolver uma lembrança – mesmo que por instantes, e ainda que não saiba quem é.

         Olá Surtados queridos,
Hoje eu trago a vocês a resenha de um livro bem fofo e com muitíssimo conteúdo.
Publicado em 2015, Para Sempre Alice, traz uma história fictícia, porém real em algumas famílias da nossa sociedade.
Alice sempre foi uma mulher de respeito, e não tinha como ser diferente, ela era professora, pesquisadora e titular de uma cátedra de Psicologia da Universidade de Harvard, além de ter a memória mais afiada da Instituição.
Ela adorava quando um de seus alunos fazia qualquer tipo de pergunta que ela pudesse responder com citações de algum pesquisador, além de ano de publicação, edição, e eteceteras mais (ficava se achando e fazendo os alunos caírem o queixo de tanta coisa que cabia naquela cabecinha).
Nada mal para uma mãe de 03 filhos, bastante esforçada e na flor da idade, não é mesmo?!
Mas, “do nada” ela começou a se esquecer...
Uma palavra aqui, outra ali; um nome; uma pessoa; uma viagem a trabalho; o tema de uma aula; o caminho de casa; uma receita especial de Natal que ela fazia todos os anos sem precisar de um livro de receitas...

“ ̶  Bem, Alice, todos os seus exames de sangue vieram normais e a ressonância magnética está boa – disse a dra. Moyer. – Temos duas opções: podemos esperar para ver como ficam as coisas, ver como você dorme e como estará daqui a três meses, ou...
̶  Quero consultar um neurologista.”

Aos 50 anos, após algumas consultas com o neurologista, Alice é diagnosticada com a doença de Alzheimer de Instalação Precoce e vê seu mundo virar de cabeça para baixo.
Como ela poderia dar aula se não conseguia se lembrar de que ela era a professora e não uma mera aluna?
Como poderia viajar para dar palestras em Congressos se chegava em casa do trabalho no horário em que já deveria estar em outro estado?
Fora o medo que ela tinha de sair de casa e não saber como fazer o trajeto de volta...
Coisas simples, mas que para alguém com Alzheimer é muito difícil, e é aí que entra o papel da família.

“Desejou estar com câncer. Trocaria o mal de Alzheimer pelo câncer sem pestanejar. Envergonhou-se de desejar isso, o que decerto era uma barganha inútil, mas, ainda assim, permitiu-se fantasiar. No câncer ela teria algo a combater. Havia a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. Haveria uma possibilidade de que ela vencesse. Sua família e a comunidade de Harvard se uniriam a sua batalha e a considerariam nobre. E, ainda que no fim ela fosse derrotada, poderia olhá-los nos olhos, consciente, e se despedir antes de ir embora.”

Alice teve medo de contar para o marido e para seus filhos. Teve medo do que eles poderiam pensar, do que eles teriam que sacrificar por ela, até por que, por enquanto ela ainda conseguia fazer as “coisas simples” (sentia certa dificuldade, mas fazia quase tudo).
Porém, chegaria o momento em que não se lembraria do marido, dos filhos, nem de como fazer para ir ao banheiro; entraria na casa do vizinho e mudaria tudo de lugar pensando que realmente fosse sua casa, pensaria que um simples tapete negro seria um buraco no hall de entrada, entre outros.

“As lágrimas não foram a única coisa que ela não conseguiu mais conter. John irrompeu porta adentro, bem a tempo de ver a urina escorrendo por sua perna direita, empapando a calça de moletom, a meia e o tênis.
̶  Não olhe para mim!
̶  Não chore, Ali, está tudo bem.
̶  Não sei onde estou.
̶  Tudo bem, você está bem aqui.
̶  Estou perdida.
̶  Não está perdida, Ali, você está comigo.
John a abraçou e a balançou de leve de um lado para o outro, acalmando-a como ela o vira acalmar os filhos, após inúmeros machucados e algumas injustiças sociais.
̶  Não consegui achar o banheiro.
̶  Está tudo bem.”

Por fim eu pensei que ela desistiria da vida em algum momento, e ela até tentou, mas se esqueceu!

Agora vá para o seu quarto. Vá até a mesa preta ao lado da cama, aquela que tem o abajur azul em cima. Abra a gaveta dessa mesa. No fundo da gaveta há um vidro de comprimidos. O vidro tem um rótulo branco que diz PARA ALICE em letras pretas. Há uma porção de comprimidos nesse vidro.
Tome todos com um copo grande de água. Certifique-se de engolir todos. Depois, deite-se na cama e vá dormir.
Vá agora, antes que você esqueça. E não diga a ninguém o que está fazendo.
{...}
Chegou ao alto da escada e se esqueceu do que fora fazer lá. Era algo como uma sensação de importância e urgência, porém nada mais. Desceu de novo e procurou por indícios de onde acabara de estar. Encontrou o computador com a carta dirigida a ela, exibida na tela. Leu-a e tornou a subir.
{...}
̶  Alice?
̶  Que é?
Virou-se. John estava parado à porta.
̶  O que esta fazendo aqui? – ele perguntou.
Alice olhou para os objetos em cima da cama.
̶  Procurando uma coisa.
{...}
Alice deitou-se na cama, ao lado do conteúdo da gaveta, e fechou os olhos, sentindo-se triste e orgulhosa, forte e aliviada enquanto esperava.”

Então, o que acontecerá com Alice? E com sua família? Será que alguém desistirá de alguém? Ou permanecerão juntos, independente do que aconteça, até que a morte os separe? Será que ela vai se lembrar? Só lendo pra saber, porque tem o filme, mas eu ainda não assisti para dizer a vocês se o final é igual kkkkkkkkkkk (fiz a tarefa pela metade!).
Enfim...
Eu só queria trazer a vocês a realidade das famílias e das pessoas que sofrem com Mal de Alzheimer, e apesar de não trazer muitas informações sobre a doença em si eu achei o livro super válido, pois como disse o The Improper Bostonian: “Com graça e compaixão, Lisa Genova escreve sobre o vazio deixado na vida daqueles que convivem com o Alzheimer” (vazio esse que ninguém se interessa, até que infelizmente acontece com a gente!).

Espero que vocês gostem tanto quanto eu!
Muitos beijos! <3


Daiani Cris Pedrobon

7 comentários:

  1. Olá, já tinha ouvida falar do filme mas não sabia que era uma adaptação. Infelizmente essa doença é recorrente em muitas famílias e o longa-metragem mostra que qualquer um está sujeito a desenvolvê-la, sem dúvidas é uma obra muito reflexiva. Beijos.

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    1. Oi Alisson,
      Você captou muito bem a essência do filme!!
      Eu tbm não sabia que era adaptação, sabia da existência do filme mas não tinha assistido ainda, até que em uma das promoções de livros da vida eu conheci o livro, ai deu certo de comprar pagando não muito kkkkkkkk e serviu para mostrar a vocês essa história, vai servir pra muita gente ;)

      beeijos!!

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  2. Oi, Daiani!!
    Ainda não li esse livro como também não assisti o filme. Mas infelizmente conheço muito bem a dor e o sofrimento das pessoas que tem essa doença de Alzheimer. Meus avós tem e vi de muito perto o que eles sofreram e que nos a família também sofremos.
    Bjoss

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    1. Olá Marta, tudo bem?!
      O livro trata exatamente isso, não só o sofrimento da pessoa que tem esse tipo de doença como a dor da família, a dificuldade de lidar com algo tão diferente de um momento para o outro. Espero que possa assistir ao filme pelo menos, ele está bem acessível pelo YouTube, eu assisti por lá e está bem fiel ao livro.
      Muitos beijos!!! <3

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  3. Oi Daiani, vi ao filme para fazer uma crítica dele no Formiga Elétrica.
    Lendo sua resenha me parece ser o filme bastante fiel ao livro.

    Gosto quando filme/livro traz um tem apara a ciência das pessoas. Isso sempre é muito bom.

    Hug lindona

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    1. Oi Marcia,
      depois que postei a resenha eu assisti o filme kkkkkkkkk (terminei a tarefa de casa :P )
      Realmente o filme é bem fiel ao livro, só acho que algumas partes interessantes faltaram (não da pra colocar tudo no filme né?!), mas mesmo assim ele segue bem a linha do livro ;)

      beeijos gatona!!

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  4. Nossa Daiani, que situação a da Alice! Já tinha visto a divulgação do filme mas não tinha procurado nada a respeito da história, achei que era algo banal e agora vejo como me enganei. É com certeza um tema polêmico de se falar e um livro diferente do que estamos acostumados. Beijinhos

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