11 fevereiro, 2017

O ovo e a galinha






Pela primeira vez em minha vida de leituras clariceanas, tenho mergulhado no abismo da ignorância.


O livro a legião estrangeira tem sido um desafio de codificação, à cada conto me sinto incapaz de um diálogo decente entre nós. 

Mas por outro lado, você acaba saindo fora da casinha e se esforça em entrar no clima viajado dos contos.



A galinha tem muita vida interior. Para falar a verdade a galinha só tem mesmo é vida interior. A nossa visão de sua vida interior é o que nós chamamos de “galinha”. A vida interior da galinha consiste em agir como se entendesse. Qualquer ameaça e ela grita em escândalo feito uma doida. Tudo isso para que o ovo não se quebre dentro dela. Ovo que se quebra dentro da galinha é como sangue



Clarice era uma pessoa única e de pensamentos únicos, devia ser difícil sua vida. Sempre condenamos o diferente à exclusão.
Existe quem pense que somos todos iguais, como no lema da revolução francesa - igualdade, fraternidade liberdade. Nunca li algo mais estúpido e inverosímel.
Gosto da excentricidade de Clarice e de sua escrita metafísica.


Mas o que intuir sobre a visão de uma pessoa sobre um ovo em sua cozinha?


Este conto me linkou com o romance da autora chamado A Paixão Segundo GH. A barata no quarto da empregada nos leva à algo primitivo, assim como a existência do ovo.


O ovo que sempre foi eterno e imutável, já a humanidade parece ser menos que este ovo milenar do conto.



Poucos querem o amor, porque amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor



O humano muitas vezes se confunde com a galinha que nada sabe, apenas existe.


Talvez a mensagem deste conto seja, não tente entender o ovo , a sua realidade ou destino, como queira chamar, apenas viva da melhor forma que puder.


E me faz sorrir no meu mistério. O meu mistério é que eu ser apenas um meio, e não um fim, tem-me dado a mais maliciosa das liberdades: não sou boba e aproveito



Minha amiga Silvia também escreveu sobre este conto. 
Para ler só Clicar Aqui



*Este conto faz parte do livro - A Legião Estrangeira





Clarice Lispector - Todos os Contos
       Editora Rocco - Capa Dura - 656 Pgs
        Organizado por Benjamin Moser

                   
                    Marcia Cogitare


4 comentários:

  1. Olá, Marcia...
    Definitivamente essa leitura tem sido um desafio enorme!
    Mas gostei do que você escreveu. E gostei muito desta sua colocação: "Talvez a mensagem deste conto seja, não tente entender o ovo , a sua realidade ou destino, como queira chamar, apenas viva da melhor forma que puder."
    Não consegui extrair tanto deste conto...
    Beijo!

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    1. Silvia, Clarice tem nos tirado da zona de conforto as duras penas rs.

      Hug

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  2. Oi Márcia, estava com saudade de ler seus posts do projeto Clarice (culpa da vida maluca)! Não sei nem o que comentar sobre esse conto, parece bem exótico e me lembrou um pouco as abstrações de Nietzsche, existem pessoas que realmente possuem uma visão única de mundo que é difícil compreender. Beijos

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    1. Jade, Clarice viaja, mas eu gosto dessas maluquices rs.

      Nietzsche é sensacional, outro maluco que eu adoro.

      Que vc já leu dele?.

      Hug

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