14 janeiro, 2017

Começos de uma fortuna






Este conto é um pouco esquisito, não consegui entrar no clima, mas vamos ver o que consigo compartilhar com vocês. 


Os indivíduos deste conto são uma família, pai, mãe e um adolescente tentando convencer os pais de suas necessidades materiais, mas sem muito sucesso.
Na mesa do café da manhã, mesmo sabendo que não é uma boa hora para se pedir dinheiro, ele inicia sua saga em busca do dinheiro. O que ele encontra são pais que não então abertos , mas ele também não se sente a vontade para dizer qual a finalidade de seu gasto.


Temos um diálogo truncado entre eles. Arthur está crescendo e tendo seus interesses voltados para o mundo das meninas, o que é natural. 




E de manhã, ao contrário dos adultos que acordam escuros e barbados, ele despertava cada vez mais imberbe. Despenteado, mas diferente da desordem do pai, a quem parecia terem acontecido coisas durante a noite. Também sua mãe saía do quarto um pouco desfeita e ainda sonhadora, como se a amargura do sono tivesse lhe dado satisfação. Até tomarem café todos estavam irritados ou pensativos, inclusive a empregada



Em famílias muito tradicionais, o assunto sexo e dinheiro (me parece que dinheiro também é tabu) são costumeiramente evitados, talvez por isso Arthur não consegue dizer que o dinheiro seria usado no cinema com a Glorinha do seu colégio. 


Conforme a história vai criando corpo, Arthur encontra uma saída para levar sua pretendente ao cinema. Bem, na verdade é um amigo que lhe oferece um dinheiro emprestado. Ele vai para casa e reflete se seria conveniente fazer dívida por uma garota.
Ele acaba por decidir que sim, irá ao cinema, mas algo se instala nele, uma desconfiança de que Glorinha está se aproveitando dele. 




Pelo visto, disse desviando do amigo a raiva, pelo visto basta você ter uns cruzeirinhos que mulher logo fareja e cai em cima.Os dois riram. Depois disso ele ficou mais alegre, mais confiante. Sobretudo menos oprimido pelas circunstâncias



No cinema, ela acaba por não aproveitar nem ao filme e muito menos a companhia de Glorinha, que inocente assiste ao filme sem distrações. 


É muito doido, como algo simples irá desembocar numa postura rivalista com as mulheres. 


Arthur passará a partir de agora juntar sua grana e não gastar com "mulheres aproveitadoras". Segundo ele, quem sabe ele poderia ser um futuro  rico. 


E pais, entendam que existe vida social fora do ambiente familiar. Isso deixaria as coisas mais suaves entre vocês.



Leiam a resenha da Silvia e veja o que ela tem a dizer sobre este conto 



*Este conto faz parte do livro Laços de Família





Clarice Lispector - Todos os Contos
       Editora Rocco - Capa Dura - 656 Pgs
        Organizado por Benjamin Moser

                   
                  Marcia Cogitare






2 comentários:

  1. Olá, Marcia!
    Acho que tivemos visões semelhantes.
    As gerações mudam, mas a dificuldade de linguagem entre pais e filhos permanece. E eu acho engraçado, porque eu me lembro de forma muito viva da minha adolescência e tento dar aos meus filhos o espaço que eu queria ter.
    Beijo!

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    Respostas
    1. O diálogo sempre será uma pedra no sapato em todas as relações.

      E seus filhos tem sorte de ter uma mãe como vc mais aberta e que se coloca no lugar deles.
      Hug

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:) :( ;) :D :-/ :P :-O X( :7 B-) :-S :(( :)) :| :-B ~X( L-) (:| =D7 @-) :-w 7:P \m/ :-q :-bd

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