O
amor é apenas a metade da história
Noah e Jude competem pela afeição dos pais, pela atenção do garoto que acabou de se mudar para o bairro e por uma vaga na melhor escola de arte da Califórnia. Mal-entendidos, ciúmes e uma perda trágica os separaram definitivamente. Trilhando caminhos distintos e vivendo no mesmo espaço, ambos lutam contra dilemas que não têm coragem de revelar a ninguém. Contado em perspectivas e tempos diferentes, EU TE DAREI O SOL é o livro mais desconcertante de Jandy Nelson. As pessoas mais próximas de nós são as que mais têm o poder de nos machucar.
Jandy Nelson
384 páginas
Novo Conceito
Senti uma dificuldade incrível na
leitura desse livro. Essa autora, (como no livro anterior que li e está
resenhado aqui), capricha na escrita poética e nesse teve muitas metáforas o
que para mim fez a leitura se tornar quase insuportável. Quase desisti, mas por ser persistente, lia aos poucos, bem pouco, uma página, duas, até concluir um
capítulo.
Como o livro é narrado por Noah e
Jude, as partes de Noah foram as mais difíceis justamente por conter mais
metáforas. A leitura é densa, há uma enxurrada de emoções em cada frase e
capítulo. Pois apesar de Jude e Noah serem gêmeos algo ocorre com eles aos
quatorze anos que os afasta completamente. Creio que apenas o vínculo nato de
gêmeos permanece, aquele vínculo que dizem que todo gêmeo possui, de pressentir
o outro, que apesar de diminuir entre eles, não se extingue.
Lembro-me de Guillermo dizendo que as rachaduras e as quebras eram melhores e mais interessantes partes das obras no meu portfólio. Talvez seja o mesmo com as pessoas e suas rachaduras e partes quebradas.
A narrativa se dá em dois tempos,
com os gêmeos aos 14 anos e depois aos 16, conta o antes e depois desse intervalo de anos,
os dois anos entre 14-16 anos. O segredo se encontra justamente nesse período,
dá para perceber que teve uma ruptura entre eles devido algo que ocorre nesse
meio período. A Jude de antes era extrovertida, cheia de vida, tinha vários
amigos, e vivia a vida com todo prazer, magnitude e força, e sua arte revelava
isso. Noah era o introvertido, e tinha na arte o seu mundo, a pintura era onde
ele se expressava para todos, dava o melhor de si. Enquanto vivem suas vidas após
essa ruptura, eles nos contam o que ocorreu nesse período de dois anos que os
fez mudar de personalidade.
Desde crianças eram muito
competitivos, principalmente pelo amor dos pais. Seria algo comum se essa
competição não fosse apoiada pelos pais, por suas atitudes com eles. Jude tinha
o pai como o único que a amava, e Noah tinha a mãe, isso foi marcante na vida deles, enquanto pensavam que só um dos pais os amavam rachaduras foram feitas em suas almas. Essa competição entre si
acaba trazendo vários problemas de aceitação própria, sobre suas habilidades tão
diferentes, mas únicas e lindas, e da vida pela qual lutariam para firmar no
futuro.
Será por isso que ele insiste em saltar? Para se transformar, por um instante, no que costumava ser? Porque a pior coisa que podia ter acontecido a Noah aconteceu. Ele se tornou uma pessoa normal. Ele tem todos os parafusos no lugar.
Se eu tivesse desistido dessa
leitura teria cometido um erro muito grande. Entre mentiras, segredos,
desilusões e muitos erros, os gêmeos trilhando caminhos totalmente diferentes
precisam aprender que a verdade sempre encontra um meio de se mostrar, e quando
ela aparece, o momento da mudança não pode mais ser adiado. Só assim todo o
processo de restauração pode ser firmado, consolidado, e o perdão se torna
real.
Não é um livro clichê, ocorre um
emaranhado de situações, entre duas pessoas completamente diferente que
interpreta o mundo totalmente único. Na complexidade dos temas envolvidos no
livro sobre bullying, mudança de personalidade, problema sentimental,
homossexualismo, superstição e a sinceridade, a autora consegue desenvolver
muito bem todos os conflitos, com uma construção fantástica englobando todos os
outros personagens ajustando cada um em um texto complexo.
É isso o que eu quero: quero pegar meu irmão pela mão e voltar no tempo, descartando os anos como se fossem casacos que caem de nossos ombros.As coisas não acontecem como você imagina.
O enfoque não é o romance e sim os
conflitos invisíveis aos olhos humanos. É um livro bem psicológico.
Sinceramente, se odiei a escrita poética (sempre tenho
problemas nisso com essa autora) fiquei deslumbrada com a composição do texto
dela, criatividade e por tratar de temas tão controversos e únicos com uma
ousadia e sensibilidade incríveis. E com esse conjunto consegue passar a todos
a vida, encontros e reencontros, o encontrar e construir o mundo dos próprios
personagens, e mostrar o quanto o ódio, amor, inveja e insegurança nas mínimas
coisas podem arruinar pessoas que se amam. E como a verdade é gratificante,
reconfortante e construtora de um novo mundo para todos eles.
É um livro que fala não apenas de reconstruir o seu próprio
mundo, mas reconstruir a alma, se refazer, reinventar-se. Me fez ficar pensando
no que li. Após terminar fiquei tentando digerir tudo o que a autora passa no
livro, a riqueza do conteúdo é incrível.
Muito lindo!, e não gostei dele por
completo, pois estar com Noah para mim foi difícil, e muito chato.
Um
dos melhores livros que li esse ano!
- Eu abdiquei de praticamente todo o mundo por sua causa – digo, atravessando a porta da frente da minha própria história de amor. – O sol, as estrelas, os oceanos, as arvores, tudo. Desisti de tudo por sua causa.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Cinthia,
ResponderExcluirFiquei chocada ao ler a sua resenha. Para ser honesta eu não dava nada por esse livro, e ao terminar a sua resenha e lendo que foi um dos melhores do ano, me interessei demais! Parabéns pela ótima resenha :)
Beijinhos,
Lylu - Relíquias da Lylu
Lylu, ele pode ser um livro difícil de ler para alguns, devido a linguagem poética. Mas, é um livro maravilhoso, lindo e que mexe bastante com o leitor. Talvez alguém tenha outra percepção, afinal nem todos são iguai, mas gostei muito do livro. Obrigada e Feliz 2016 para você!
ExcluirAaaaaaah Jandy, tu e suas escritas *-*
ResponderExcluirJá li "o céu está em todo lugar" dela e nunca mais esqueci da escritora...
Eu tbm tive muita dificuldade pra ler o livro dela, mas eu gostei tanto do final que depois quase me bati por demorar taaaaaanto haushuahsua
Imagino que com esse livro não seja diferente, pelo que relatou em sua resenha realmente não é...
Uma vez lido Jandy Nelson, pra sempre amando Jandy Nelson
beeijo Cinthia :*
Daiani, se tiver oportunidade, leia esse. Se gostou de "O Céu está em todo lugar", vai amar esse, são temas diferentes, mais profundos.Esse é o problema com ela. Li um e quero ler todos, mesmo tendo dificuldade com a escrita dela.
ResponderExcluirCinthia,
ResponderExcluirEsse livro foi para as mãos certas!
Adorei sua resenha... me deu força pra continuar um livro que eu estava quase desistindo.
Espero que a surpresa seja tão boa quanto a sua!
muitos beijos
:)
O início dele foi assustador! Li a contra gotas, todo dia uma gotinha minúscula. Mais a frente vai tomando parte do mundo deles, então começa a fazer sentido, ou vê que muito vai ocorrer e fica na expectativa do que será. Fica difícil de parar a leitura. Não vou contar, mas eles construíram dentro de si muros medievais para se proteger de tal forma que mudaram suas personalidades, esse começo é que faz entender isso lá na frente. E a parte da homossexualidade ocorre tantas reviravoltas mostrando não apenas sobre aceitação, mas o reflexo disso quando não ocorre. Essas questões e muitas outras me conquistaram. E para os românticos e aqueles que acreditam em destino, previsões do futuro - aqueles feitos pela mãe (mães gostam disso, verdade?) - vão se maravilhar com isso. A autora reuniu temas difíceis que poucos aceitam como verdade e me encantou. Talvez muitos não vejam isso. Mas, amei. A Daiani vai ficar toda chorosa e amar, queria tanto que ela lesse!
ExcluirCinthia, leitura poética também não é muito a minha, mas a sua persistência me deixou com vontade de tentar também...
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