Resenha: Psicose

Psicose, o clássico de Robert Bloch, foi publicado originalmente em 1959, livremente inspirado no caso do assassino de Wisconsin, Ed Gein. O protagonista Norman Bates, assim como Gein, era um assassino solitário que vivia em uma localidade rural isolada, teve uma mãe dominadora, construiu um santuário para ela em um quarto e se vestia com roupas femininas. Em Psicose, sem edição no Brasil há 50 anos, Bloch antecipou e prenunciou a explosão do fenômeno serial killer do final dos anos 1980 e começo dos 1990. O livro, assim com o filme de Hitchcock, tornou-se um ícone do horror, inspirando um número sem fim de imitações inferiores, assim como a criação de Bloch, o esquizofrênico violento e travestido Bates, tornou-se um arquétipo do horror incorporado a cultura pop.

Neste 31 de Outubro de 2015, dia das Bruxas... Halloween!... vamos fechar nosso mês do terror com PSICOSE.

O filme é amplamente conhecido, mas você conhece o livro?

Robert Bloch sempre me impressionou. Ele é bastante conhecido pela crítica como escritor de ficção científica, mas ficou conhecido no mundo após escrever Psicose e Alfred Hitchcock ter comprado os direitos (anonimamente) e ter filmado esse clássico, de nome original "Psycho" (amo quando não há necessidade de mudanças no título!) e comprou todas as cópias do livros disponíveis no mercado para que ninguém o lesse e soubesse o final!

Não é à toa que esse é considerado um dos melhores filmes de Hitchcock. O final é maravilhoso (no livro é ainda melhor)!

Em 1980, depois que Hitchcock em 1980, a Universal Studios distribuiu três sequências, um telefilme, um remake e uma série de TV (Bates Motel, disponível na Netflix) e absolutamente todos os lançamentos foram sucesso.

Robert Bloch é um gênio (categorizo assim mesmo)! É muito difícil construir um personagem psicótico!

Nosso personagem principal, além de sofrer de psicose é também um serial killer (assassino em série). Vamos, sem demorar demais saber a diferença de uma patologia e a outra?

Psicose: Na psicose, o indíviduo perde totalmente o contato com a realidade e começa a isolar-se (antissocial). Após os surtos, ele não se recorda do que aconteceu durante os surtos. Provoca delírios e alunicações. Há casos esporádicos na vida de uma pessoa (episódios) e há pessoas que lidam com a doença pelo resto da vida. É o caso de Norman Bates.

Serial Killer: Para que haja melhor entendimento, vou escrever ipsis litteris, uma das definições do termo (a que foi publicada pelo Tribunal de Justiça em 1988):


"Uma série de dois ou mais assassinatos cometidos como eventos separados, normalmente, mas nem sempre, por um infrator atuando isolado. Os crimes podem ocorrer durante um período de tempo que varia desde horas até anos. Quase sempre o motivo é psicológico, e o comportamento do infrator e a evidência física observada nas cenas dos crimes refletiram nuanças sádicas e sexuais.

Com isso podemos ver que nem todo assassino em série tem sintomas psicóticos e vice versa.

Vamos ao livro?

Norman Bates vive com sua mãe num casarão próximo ao Motel que possuem (Bates Motel).

Norman é cheio de problemas psicológicos que podem ter sido fruto da violência que sofreu na infância (violência psicológica). Sua mãe é absurdamente dominadora e ele se vê com cheios de restrições impostas por ela. 

Ao passo que ele tenta se rebelar a mente sempre encontra "motivos" que o façam dar razão à sua mãe... a quem, praticamente cultua.


Paralelamente, vemos Mary Crane, que leva uma vida "mais ou menos" e está bastante insatisfeita com o marasmo. Num impulso, ela rouba um dinheiro de seu chefe, na esperança de constituir uma família, uma vez que seu noivo adiou o casamento em alguns anos por ter herdado as dívidas do pai em seu falecimento.

Ela foge para encontrar o noivo, erra o caminho e vai parar no Bates Motel.

A escrita é intercalada com capítulos que contam o ponto de vista de Bates e o de outra pessoa (no começo, o de Mary e depois o de seu noivo e outros).

A história toda é hipnótica! Só se para porque é necessário comer, dormir, etc... caso contrário, a necessidade de saber o que vai acontecer é absurda, tanto quanto o encantamento com a personalidade psicológica da personagem muito bem destrinchada pelo autor.

Ao contrário da maioria dos livros, nesse eu senti uma pena imensa do "vilão" (será vilão?). Ele é quase pueril num momento, já em outros.... ai ai ai

Se você não viu o filme, leia o livro primeiro. Se já viu o filme, leia o livro e não vai se sentir entediado, prometo! Vi o filme inúmeras vezes e, já estou pronta para reler o livro (terminei hoje...rs*)

Com uma diagramação impecável, a Dark Side relança Psicose. O exemplar que tenho é o de capa dura (edição limitada). Quando passamos a mão na capa, sentimos uma textura que se assemelha a veludo.

Gosto muito de cada detalhe do trabalho editorial da Dark Side... que vem se aprimorando muito desde sua inauguração, há 3 anos atrás.

Esse é o casarão onde Bates mora com a Mãe (folha interna do livro). O crucifixo ficou por minha conta. coloquei-o porque Norman Bates é (exageramente) educado sob os princípios bíblicos.

Páginas finais do livro:

Eu recomendo altamente... sem moderação e em altas doses!

Já tem seu exemplar?

Vá buscar antes que "a Mãe" o proíba de ler! (quem ler entenderá!)

beijos surtados!

Título: Psicose

Tradutor: Anabela Paiva

Ano: 2013
Páginas: 240
Editora: DarkSide®

Tentei me caracterizar de "Mãe"... riquíssima personagem do livro!

PS.: Possíveis erros gramaticais ou ortográficos serão corrigidos em minha releitura