Neptuno - Leticia Wierzchowsk
(da mesma autora de Sal e A casa das sete mulheres)
por Telma Myrbach
Sinopse: Apaixonado, um jovem acredita que encontrou sua alma gêmea. Em pouco tempo, o que seria uma bela história de amor se transforma em um pesadelo, com um desfecho trágico. O advogado de defesa, contratado para cuidar do caso, reconstrói a angústia e desilusão de seu cliente, e com ele a história da pequena cidade de Neptuno.
Neptuno é uma cidade litorânea brasileira, como tantas outras. Cheia de mar, cheia de casas de veraneio, cheias de pobreza e cheias de magia.
Fiquei encantada!
Não é um livro que se leia numa sentada só. Esse livro é mais do que um passatempo. Traz poesia, traz prosa bem escrita.
A verdade é que, fiquei muito surpresa com a escrita de Letícia W. neste livro. Que mulher culta! Profunda conhecedora da Língua Portuguesa. Escreve com maestria fluída.
Comprei Neptuno, apesar da dualidade das resenhas encontrava. Alguns amavam, outros odiavam e abandonavam o livro. Uns sentiam-se enfeitiçados outros sentiam-se entediados... e eu? Eu queria sentir!
Senti e entendi. Realmente ou se ama ou se detesta.
Amei!
Há muito romance, ciúme, intriga. Sorrimos, choramos, xingamos...
Eu teria muitos, mas muuuuuuuuuuuuuitos "quotes" para colocar aqui, mas é impossível, né? É sem propósito...
"Um riso, uma história contada e recontada através dos anos, um beijo roubado numa praça ao entardecer, uma caixa de retratos, um modo de apoiar a perna, uma tarde cujas horas não ficaram registradas em nenhuma fotografia, essas são as verdadeiras coisas que nos compõem." p.21
Dois trechinhos sobre a protagonista, June, que chamaram minha atenção:
"June estava encarapitada numa janela comum, numa casa comum de uma trivial cidadezinha costeira, mas nada que havia em June, nada que luzisse em sua figura poderia jamais ser usual. Ela era um desses casos de opera-prima em moldura ordinária." p 31
"... estamos em... algo no clima de Lewis Carrol ou Nabokov. Uma coisa mais fresca, recém arrancada do pé. June era muito mais do que recheio para roupa íntima, ela era uma arte. Um filme de Fellini. A perfeita imperfeição." p.33
Sobre o casal protagonista (M. e June)
"Eram ambos contra o resto - dois seres cheios de tudo, de viço, de vida, contra toda uma sala de pessoas já meio gastas pela desesperança, pelo medo, pela doença, pelo tempo." p.122
E por último, deixo o que achei uma definição perfeita de alguém que amamos e se vai:
"Um filho morto é a negação da nossa própria existência... E, no entanto, por mais que eu o invoque, a lembrança dele vai se esmorecendo dentro de mim. Vai se apagando. Como um desenho molhado na chuva." p. 143
Só não darei 4 estrelas porque pra mim, a autora deu círculos demais através da fala do narrador. Muitas vezes ele disse "eu já falei sobre isso" (depois de ter repetido a mesma coisa). Houve intenção poética, sem dúvida e há poesia nisso mas, achei demasiado. Isso me irritou um pouco, mas nada que me fizesse parar de ler. Fui recompensada com metáforas lindas, com quase todas as figuras de linguagem de que tanto gosto quando bem colocadas.
A história vale a pena. Simples e cheia de sentimento.
Lembrei por muitas vezes da música "Domingo no Parque" de Gilberto Gil... até cantei o final da música mentalmente ao ler as últimas páginas (faço essas coisas meio, digamos, não usuais quando leio e a leitura me remete à música).
Deixo-os com o vídeo da música, que fez tanto sucesso em 1967, na época do Festival dos Festivais... no reinado da MPB.
Não conhecia o livro e fiquei com vontade de sentir,assim como você,será que vou amar ou odiar??
ResponderExcluirJá entrou na minha lista de desejados....
Conhecendo o blog e seguindo.
bjsss
Bianca Benitez
Apaixonadas por Livros
eba! Feliz que esteja conosco e que tenha gostado, Biazinha.
ExcluirQuando tiver lido, não deixe de me contar se amou ou odiou... ;)
Muitos beijos
Deve ser daqueles livros que faz qualquer um pensar muito. Um pena ter ocorrido tanto rodeio, verdade?
ResponderExcluirSim... os rodeios foram doídos, mas fiquei com "inveja" da escrita da autora. Magistral!
Excluirbeijoconas Cinthia.
Infelizmente nao sei se eu leria nao :/ acredito que deva realmente ser uma narrativa rica e bonita, me deu ate vontade de ler ao saber de um romance *-* , mas esse narrador repetindo o mesmo assunto varias vezes kkk aff, ninguem merece! mas se eu tiver um tempinho talvez eu leia ^^
ResponderExcluirJack, essa parte incomodou realmente...rs
ExcluirMas a escrita da autora, é maravilhosa!!!!
Uma beijoca em você
Resenha tocante como sempre! Aparte que mais me chamou atenção foi o trecho da p.143 citado acima. Isso me deu uma curiosidade e vontade a mais de saber oq se passa nessa trama. Então Neptuno foi para a fila de livros q vou ler com ctz :)
ResponderExcluirEu também achei essa parte tocante. Uma afirmação de impacto.
ExcluirO livro é recheado de trechos assim....
muitas beijocas, Isa.
Não conheço a narrativa da autora, só o que eu ouvi falar por ai. Pretendo um dia conhecer mas não sei qual livro que vou ler dela ainda...
ResponderExcluirMiquilis: Bruna Costenaro
Quando tiver lido, me conta o que achou, Bruna?
Excluirmuitas beijocas
Telma!
ResponderExcluirA Letícia realmente tem uma escrita fabulosa que nos envolve pela forma poética.
Acredito que esse é um daqueles livros que costumo dizer... depende das vivÊncias do leitor, do que passou durante a vida para poder AMAR OU ODIAR.
Fico feliz que tenha gostado.
Gosto quando os enredos são ambientados em nosso país, mesmo que seja uma cidade ficcional.
cheirinhos
Rudy
Adorei sua resenha, achei bem envolvente a história e cativante. Só não entendi uma coisa: você deu 4 estrelas e disse: "só não darei 4 estrelas porque..." Acho que você quis dizer que não daria 5 rsrsrs.
ResponderExcluirParabéns pela resenha, isso mostra que eu realmente li hahaha.
M&N | Desbravadores de Livros
Eu não conhecia o livro, mas sendo da mesma autora de A Casa das sete mulheres é fato de que deve ser muito bom!
ResponderExcluirOi, Telma!
ResponderExcluirFiquei meio em cima do muro quanto a esse livro, não sei bem se o leria, não suporto histórias em que o autor fica dando voltas desnecessárias no assunto, pra mim é puro enchimento de linguiça!
Mas vou manter a mente aberta, se um dia cruzar com esse livro eu talvez dê uma chance.