01 julho, 2017

O relatório da coisa





O assunto - Tempo, sempre foi alvo de especulações, desde a mais remota sociedade.
Os gregos inventaram Chronos, o único deus que como seus filhos. 

Os babilônicos e egípcios inventaram o relógio do sol, de água... no século XVI a.C.


O tempo sempre foi matéria importante para nós humanos. Queremos medi-lo, talvez esta tentativa seja uma espécie de enganar nossa mente e dizermos para nós mesmos, que somos  senhores do tempo. Acreditamos que o tempo trabalha para nós e certamente o controlamos segundo nossa vontade . Afinal, temos o relógio e o calendário e isso deve nos bastar em matéria de controle.

Einstein nos desmanchou a ilusão sobre o tempo divisível. A grosso modo com sua teoria da relatividade, nos mostrou que o tempo é algo uno, não existindo presente e passado. O tempo é um bloco sem divisões e com 4 dimensões (pesquise no Google).

Nunca gostei de pensar nesta teoria, gosto do relógio, que nos dá a sensação de controle.

Clarice neste conto, discursa sobre um relógio europeu (Sveglia), que vigia suas horas e simplifica a matéria espaço/tempo. 

A existência dessa máquina, a faz entender sobre o tempo corrente. O que lhe gera uma certa dose de angústia e urgência. O relógio que não lhe pertencia, a medição do tempo e seu trabalho frio incessante. Ela sabia, que mesmo não vendo o relógio ele existia, assim como o tempo.


Lendo este conto, me lembrei de um poema da filosofa Viviane Mosé, que aborda esta temática (o tempo).

Veja o vídeo com ela declamando este poema belíssimo e de muito bom humor. 



Leiam as impressões da Silvia em Reflexões de Silvia.


Só Clicar Aqui




VIDA/TEMPO - Viviane Mosé


Quem tem olhos pra ver o tempo
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos?
O tempo andou riscando meu rosto
Com uma navalha fina
Sem raiva nem rancor.
O tempo riscou meu rosto com calma
Eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença.
Acho que a vida anda passando a mão em mim.
A vida anda passando a mão em mim.
Acho que a vida anda passando.
A vida anda passando.
Acho que a vida anda.
A vida anda em mim.
Acho que há vida em mim.
A vida em mim anda passando.
Acho que a vida anda passando a mão em mim.
E por falar em sexo
Quem anda me comendo é o tempo
Na verdade faz tempo
Mas eu escondia
Porque ele me pegava à força
E por trás.
Um dia resolvi encará-lo de frente
E disse: Tempo,
Se você tem que me comer
Que seja com o meu consentimento
E me olhando nos olhos
Acho que ganhei o tempo
De lá pra cá
Ele tem sido bom comigo
Dizem que ando até remoçando












Clarice Lispector - Todos os Contos
       Editora Rocco - Capa Dura - 656 Pgs
        Organizado por Benjamin Moser

                   

                   Marcia Cogitare



2 comentários:

  1. Olá, Marcia!
    Gostei da forma como você abordou o conto, focando no tempo...
    Tenho o sentimento de que os contos desse livro "Onde estivestes de noite" são como gritos de angústia da Clarice, com todas as suas dores e sofrimentos e cuja vida já estava chegando ao fim...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Silvia, sinto o mesmo que vc sobre estes contos.
      Parece que as coisas ficam cada vez mais nebulosas.

      Hug :D

      Excluir
:) :( ;) :D :-/ :P :-O X( :7 B-) :-S :(( :)) :| :-B ~X( L-) (:| =D7 @-) :-w 7:P \m/ :-q :-bd

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