Este conto despretensioso me fez refletir sobre nossa relação com a cidade onde habitamos.
Moro em São Paulo e percebi que raramente sinto a cidade ou olho com cuidado para as "paisagens".
Talvez por sermos tão alucinados com o tempo, que não conseguimos nutrir essa relação urbana.
Apenas reclamamos da cidade, cada dia mais suja, de seus motoristas mal-educados, da insegurança e do velho contraste riqueza e pobreza.
Ainda não temos intimidade com nossa cidade e muito menos gratidão por ela fazer parte de quem somos.
Por que não tentar neste momento, que não é grave, olhar pela janela? Esta é a ponte. Este o rio. Eis a Penitenciária. Eis o relógio. E Recife. Eis o canal. Onde está a pedra que sinto? a pedra que esmagou a cidade. Na forma palpável das coisas. Pois esta é uma cidade realizada
Este momento não é grave. Aproveito e olho pela janela. Eis uma casa. Apalpo tuas escadas, as que subi em Recife. Depois a pilastra curta. Estou vendo tudo extraordinariamente bem. Nada me foge. A cidade traçada. Com que engenhosidade
Leiam as impressões da Silvia em Reflexões de Silvia.
Só Clicar Aqui
Só Clicar Aqui
Clarice Lispector - Todos os Contos
Editora Rocco - Capa Dura - 656 Pgs
Organizado por Benjamin Moser
Marcia Cogitare
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Vai ser muito bom saber o que você achou dessa postagem!
Opine!