04 maio, 2016

Resenha: Mulheres que Não Sabem Chorar


A vida de Marisa é regida pelo controle. Seja à frente do seu trabalho ou da vida dos filhos, ela é racional, mantendo-se sempre fria, um ser à parte das banalidades, cuja única preocupação é ser um exemplo. Olga é sua antítese. Sentimentos à flor da pele, dor flagelando a carne, pensamentos embaçados pelo esquecimento proporcionado pelo álcool. Sozinha, preocupa-se em apenas ser, em um mundo cercado por fatos que não reconhece mais como seus. Enquanto isso, Ana e Verônica esbarram com o acaso.

Duas senhoras solitárias, vizinhas e antagônicas. Será que um dia alguém acharia que poderiam viver em paz? Mais ainda, será que poderiam se apaixonar? Duas jovens livres e independentes. O que as impede de ficar juntas?

Mulheres que não sabem chorar é mais que uma história de amor entre iguais. Junto a estas personagens tão humanas, o leitor vê-se despido dos preconceitos, pudores e medos. Ora crua, ora poética, a trama nos obriga a enfrentar o espelho e se ver como nunca imaginou antes. Pois ao mergulhar neste romance, o que fará você pensar não é a forma como vê o amor, mas sim a forma com que ele se volta em sua direção. Esteja preparado.



Esse livro merece ser lido... mais do que "merece", eu diria "DEVE".

Em tempos de cólera, ira, guerra civil, Lilian Farias nos apresenta o amor. Um amor que ainda é controverso em pleno século XXI.

Achei a história nua, crua, dura e linda..., revestida de toda a beleza da filosofia, devaneios e figuras de linguagem de Lilian.




Pude me ver ora em Marisa, ora em Olga. Solidarizei-me, emocionei-me, torci por elas e já sinto saudades das duas. Sinto saudades também das inúmeras mulheres que compuseram essa belíssima colcha de rendas (pesquisei sobre algumas delas à medida que eram citadas).

Logo no prólogo, após a belíssima dedicatória da autora, conhecemos Adriana Lohanna que fala-nos um pouquinho sobre a "identidade de gênero" e o sofrimento causado pela falta de conhecimento. Ela cita Simone de Beauvoir:


Não se nasce mulher, mas, sim, torna-se mulher.

Falta de conhecimento, na minha opinião, gera medo. O desconhecido assusta... e se reage com violência. Quem tem inteligência emocional (dentre os outros tipos), ama aprender, expandir-se e a seus conceitos ou pré conceitos. E novamente digo: ele livro PRECISA ser lido. É conhecimento. É o ponto de vista do outro (que deveria ser minha obrigação enxergar. Minha e sua).

Pelo título, eu já imaginava uma história cheia de força, mas ... seria ela bem escrita? Felizmente, sim! Muito bem escrita!

A parte técnica, casa-se com a prática da escrita. Amei os títulos capítulos e suas coerências:



Comecei a ter minha atenção ainda mais desperta em Álamo-Branco...



e chorei (muito) em Madressilva!



Tornei-me fã de Lilian Farias (clique aqui e conheça o site dela)... de sua inteligência e sensibilidade.

Finalizo com alguns quotes e desejando muito que você tenha o prazer que eu tive nessa leitura.



Viajei  pelo mundo e conheci muitas histórias de mulheres e o quanto são parecidas em sua essência. Todas nós, independente do modo, que nos reconhecemos como mulheres, carregamos um mundo em nossas entranhas.
Ainda me restava decorar, por dentro, uma alma vazia. Uma infância tempestuosa; uma adolescência limpando os destroços deixados pelas tempestades da infância. Adulta, uma mulher sem coragem para enfrentar seus próprios monstros.
Sem destino ou camuflagem, ela era uno. Mesmo sabendo que se tornou uma pedra, pouco se importava e seguia o caminho do vício deliberadamente. Nos poucos, raros momentos de sobriedade, cuidava de um pequeno jardim na frente da casa que ela intitulou de ''As flores não morrem".








Trilha sonora para leitura:

Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta


Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta


Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria


Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida


Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria


Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida



(Maria Maria - Milton Nascimento)








Qualquer maneira de amor vale o canto

Qualquer maneira me vale cantar

Qualquer maneira de amor vale aquela

Qualquer maneira de amor valerá 



Caetano Veloso e Milton Nascimento



Onde podemos encontrar para compra?


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Ou compre direto com a autora, autografadomulheresquenaosabemchorar@hotmail.com






14 comentários:

  1. Adjetivar com música é perfeito, adjetivar com essa música é não me deixar mais dormir de felicidade. Que lindas as suas palavras; que mágica sua resenha. Só tenho que agradecer.

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    1. Que delícia ter tido o prazer dessa leitura, Lilian.
      por favor, acrescente meu nome à sua extensa lista de fãs!
      Montes de beijos estalados.
      =D7

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  2. Oi, Telma! Tudo bem?

    Puxa, que resenha PER-FEI-TAAAA!
    Amei a resenha, que por sua vez, me fez amar o livro!
    O jeito que você descreveu a emoção que sentiu ao selecionar as páginas deste livro, me deixou muito curioso e empolgado para ler esta obra que até então, não conhecia.

    Super adorei! :)
    Beijos!

    PS: Tenho que lhe contar uma novidade: acessa aí:
    Irmãos Livreiros

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    1. Ai que coisa mais gostosa saber que você gostou, Daniel.
      O livro realmente é muito especial.
      beijoconas
      :)

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  3. Telma, a diagramação é belíssima! Fiquei encantada com o marcador. E mais ainda por ter feito você felicíssima ao lê-lo.

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    1. Cintia,
      Realmente é uma leitura que "grita" pra ser lida.
      Amei!
      :)

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  4. Telma gatona, sabia que tu ia curtir a leitura.
    Eu amei também, achei maravilhosa a trama escrita pela Lilian e a sua resenha está incrível, muito poética e profunda. beijos

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    1. Kris, eu super agradeço voc~e ter me indicado para a Lilian.
      Indicar alguém é algo sempre complicadinho, então, fico feliz em ter alcançado suas expectativas.
      Muitas beijocas, gatona!
      :)

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  5. A coisa ficou séria, vc sonorizol a resenha 😎.
    E como ignorar este livro é seu conselho de lê-lo.

    Amei a resenha é um Mix de delicadeza e vida.

    Hug

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  6. Realmente me surpreendeu a resenha. Eu não conhecia o livro antes, mas pelo título também já imaginei que se trata de uma história envolvente e dura perto do real. Estou mais curiosa para ler o livro depois que li a resenha.

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  7. Shooow Telma,
    Não conhecia o livro, nem a escritora, mas se aventurar em um livro com esse contexto tem que saber muito, e pelo jeito como você descreveu ela sabe demais. Eu sempre digo que se querem ensinar algo para as pessoas deve-se escrever livros ou fazer novelas, e pela sua resenha parece que é isso msmo, um livro cheio de informações, contexto belo e apaixonante (percebi que ficou encantada).
    E a música final..... só você sabe como fazer esse tipo de combinação. Incrível!

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