23 fevereiro, 2016

O Teorema Katherine


O Teorema Katherine - Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam.
Uma descoberta que vai entrar para a história, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.






John Green...
Intrínseca
304 páginas

Sabe aquele livro que você pega e entretém tanto, passa horas lendo e não vê, e mal pode esperar para saber como vai ser o final? Foi assim que fiquei.
Li muitas resenhas sobre esse livro ser a história de um garoto nerd aficionado por Katherines, e que após o término do último namoro tenta fazer um teorema. Há isso, é óbvio, mas o livro não tratou apenas desse tema ou da obsessão de Colin pelas namoradas.
Colin é um garoto tímido, nerd, que não consegue se socializar com ninguém na escola porque só consegue conversar sobre assuntos que lê, os citando, repetindo e muitas vezes inserindo nos diálogos.
Seus pais ficam muito felizes quando Colin se destaca desde criança, é hiperlexo, ama anagramas, possui um QI muito alto, mas possui uma cegueira, não consegue enxergar ironias e sentidos dúbios em uma palavra, textos ou conversas, ele entende tudo muito literal. Na infância passou por muitos momentos de bullying na escola até conhecer seu amigo Hassan, um muçulmano não muito religioso.
O pai de Colin é sociólogo e sempre tenta ver o melhor caminho para o filho, ambos os pais o apoiam, não o coloca em uma escola para prodígios, mas em uma escola comum para ter contato social com outras crianças diferentes. E apesar de Colin não ser sociável ele consegue arrumar namoradas, ao todo teve 19 namoradas (que ao ler você vai percebendo que não é bem assim), e todas com o nome de Katherine, e todas terminaram com ele, ou é assim que ele lembra. Ele não se acha um gênio, que para ser um gênio ele diz ter de fazer uma descoberta muito grande para ajudar a humanidade, então ele se intitula um prodígio e somente isso, por não ter tido seu momento eureca.
Assim, ele tenta desenvolver um teorema no qual preveria se uma pessoa acabaria terminando com a outra no relacionamento amoroso devido sua experiência com os términos da (s) Katherine (s).
A parte matemática é simples, ele usa de funções para formar gráficos e tudo é explicado de forma didática no livro, muito gostosa de ler, até aqueles que odeiam matemática não terão dificuldade.
O temperamento de Colin é um pouco complicado, nada empático, ou simpático, não se comove com muito, muito prolixo (essas dificuldades dele são expostas e quem o ajuda é Hassan), tanto que se o leitor for se agarrar muito a isso desiste de ler e perde a mensagem do livro. Hassan também é nerd, mas não como Colin, ele enxerga as nuances sociais, mas não se destaca. Possui alguns problemas que no decorrer da leitura ele expõe.
Quando Colin termina com sua última Katherine, se deprime, e Hassan sai com ele em uma viagem, acabam chegando a uma cidade e conhecem uma garota chamada Lindsey e sua mãe Hollis que os hospeda ali.
Lindsey possui um problema sério, ela mata quem ela é, se transforma em outra pessoa, para parecer uma pessoa comum, já que é tão nerd quanto Colin ou Hassan.
O enredo se desenvolve encima dos problemas que os três enfrentam para tentar superar seus medos, a si próprio, a serem quem eles realmente devem ser e não como as pessoas querem que eles sejam, não como a sociedade exige. Devem aprender que possuem um valor e pode fazer muito sendo eles, apenas sendo eles é que farão a diferença.
Quando peguei esse livro pensei que tudo seria só o teorema, só que a trama desenvolve a respeito de três personagens muito inteligentes que possuem problemas particulares adquiridos justamente devido a sua capacidade cognitiva, por causa da concepção da sociedade do que é normal e do padrão a ser seguido como correto. E apesar do autor não ter colocado explícito no livro, creio que ele construiu o personagem Colin com Síndrome de Asperger – uma forma de autismo. Porque ele descreve muito bem isso em diversas partes, por isso a falta de empatia dele, de ser tão voltado para si próprio, por ele não conseguir enxergar as nuances sociais e realmente saber o que é ter um relacionamento e como mantê-lo.
Uma das diferenças entre um nerd e um portador da síndrome é a capacidade de não ser cego nas coisas que citei acima. E o autor colocou isso de forma bem explicita. É difícil compreender Colin e sua obsessão por Katherines, e não é pelas garotas, é pelo som do nome, da junção das letras, não é atoa que ele goste de anagramas. E quem leu deve se ater a isso, o autor explica isso palavra por palavra.
O livro foi maravilhoso para mim, pois entendi Colin perfeitamente, entendi o que o autor quis passar sobre viver a vida e ela sempre seguirá seu curso.
Só não concordei e passei a não gostar do livro quando vi que o final era sem final, a vida continua. O livro ficou em aberto, não teve conclusão de nada, principalmente na vida de Hollis que acaba sendo uma personagem que destaca na vida dos meninos.
Todos os personagens do livro tem muita presença, são bem reais e ativos, não daria para suprimir o desfecho de nenhum. Se Colin não é cativante, Hassan, Lindsey e Hollis são até demais.
A falha desse livro para mim foi o final aberto, mas não foi uma leitura ruim. Acredito não ter sido bom o autor colocar um autista na história sem o definir (poucos conhecem as limitações que os afligem), os leitores teriam tido uma chance maior de entender essa parte nele e aproveitar mais o livro, para mim foi uma grande falha. Mas, quem sabe o autor não fez de propósito e só tentou escrever sobre um nerd diferente (mas duvido!). Acredito que muitos que desistiram de ler ou leram e odiaram teriam outra visão do livro se soubessem.
Não sei o motivo de ter sido assim, mas foi. E para piorar não teve um final condizente, um livro sem final. Todo autor deveria ter em mente que quando inicia a escrever deve dar um fim a história, não em função ao que ele quer, mas em respeito aos seus leitores.
Foi uma boa leitura para mim até o final, com um final frustrante!

- Às vezes você se sente como um círculo que perdeu um de seus pedaços? – o pai perguntou.- Pai, eu não sou um círculo. Sou um menino.
E o sorriso do pai amarelou um pouco – o prodígio conseguia ler, mas não conseguia enxergar. Se pelo menos Colin tivesse percebido que um pedaço seu estava faltando, que sua incapacidade de se ver na historia de um círculo era um problema insolúvel, poderia ter se dado conta de que o resto do mundo iria alcança-lo conforme o tempo fosse passando.




9 comentários:

  1. Já vi esse livro em diversas livrarias e sites e houve um tempo em que fiquei curiosa para saber do que se trata, até por causa do autor também. Ainda mantenho essa curiosidade, e acredito que se eu o ler algum dia vou entendê-lo bem por ter lido a sua resenha primeiro. Porém, o que me deixa receosa de começar a leitura é justamente o final não ter final. Já li uma trilogia muito boa em todos os seus livros, mas ai, quando chego no final ele fica em aberto com algumas pontas soltas para serem esclarecidas para o leitor e que o interessa até o último fio do cabelo, e isso me deixou muito chateada, porque estava esperando avidamente saber o que aconteceu com certos personagens, mas não tinha mais como =[

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    1. Lvinia isso ocorreu comigo na Série Midnighters de Scott Westerfeld, não sei se já leu. A escrita do autor é fabulosa, a fantasia perfeita, tudo muito bom, até chegar o final, o final é um desastre. É totalmente aberto, eu queria que o autor tivesse reunido todos os personagens em um local em comemoração e escrito uma última frase: "enquanto comemoravam começou uma chuva e caiu um raio, todos morreram." Fim. Sinceramente nunca mais li nada do autor.
      Ainda vou ler outros livros do John Green, entendi o que ele quis fazer aqui, não gostei, é verdade. Mas, foi algo cabível, ele seguiu uma lógica até isso, a vida continua, verdade? Não sabemos o amanhã... mas ainda acho muita falta de respeito.

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    2. A série que você citou eu não conheço, mas pelo visto, foi bem parecido com a série que eu li "Crossfire" de Sylvia Day. Quando cheguei ao final, fiquei louca porque não tinha mais outro livro e eu queria muito saber o que o casal protagonista iria fazer para resolver seus problemas, mas o final foi bem do tipo "Vamos viver um dia de cada vez, como todo mundo e tudo vai se encaixando aos poucos na vida". Minha amiga e eu gostamos demais da história, mas ficamos com raiva do final. Enfim, também não acho muito legal com o leitor quando o autor deixa pontas soltas para serem resolvidas no final de tudo.

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    3. Lavinia é horrível quando autores fazem isso.

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  2. Uma capa simples, com um "teorema" enigmático, um título condizente e uma resenha que despertou minha curiosidade ainda mais.

    Sua resenha está maravilhosa, Cinthia... expondo claramente o que sentiu durante o livro. Adoro essa honestidade que vem de você!

    Também concordo que qualquer personagem profundo e diferente do comum, como é o caso de um autista, deve ser bem descrito e bem explorado, ou perderá não apenas a beleza como parte do propósito.

    Amei a resenha, Cinthia linda!

    beijoconas

    =D7

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    1. Obrigada Telma. Pois perdeu a beleza e também ficou maçante para os que não sabem. Nem todos gostam dessa minha honestidade, é bom saber que você gosta.

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  3. Amiga linda,
    quando você diz: "Sabe aquele livro que você pega e entretém tanto, passa horas lendo e não vê, e mal pode esperar para saber como vai ser o final? Foi assim que fiquei" você diz TUDO! Dizem que os livros do John Green são assim mesmo, e quando você diz que não gostou do fim pq ele é aberto, não tem fim, acho que é TUDO tbm, pelo pouco que sei desse autor ele deixa esses finais mesmo..
    mas gostei muito da sua resenha, eu tinha muita vontade de saber mais sobre os livros dele, principalmente esse, a capa dele me instigava muito ahushuahs
    Parabéns :*

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    1. Sinceramente Daiani vejo pessoas quase desmaiando quando ouvem o nome desse autor ou ficam sabendo de um lançamento dele. Sou do contra, pois até o momento não vi tanto assim. Normalmente livros populares demais, quando os leio, é frustrante para mim.

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  4. Esse livro me decepcionou muito. Eu esperava o mesmo autor de ACEDE e encontrei um livro que nem me cativou e nem me prendeu. Li arrastado, e não aguentava mais. Achei os diálogos chatos, os personagens chatos. Um dos piores que li este ano.

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