07 março, 2014

Resenha: A Casa do Céu


Resenha por Mallu
Editora: Novo Conceito
Páginas: 448
O relato dramático e libertador de uma mulher cuja curiosidade a levou até os lugares mais bonitos e remotos do mundo, seus países mais instáveis e perigosos, e também a passar quinze meses em um angustiante cativeiro — uma história de coragem, resiliência e beleza.
Esse foi, sem dúvidas, o livro mais real, intenso e cru que eu já li até hoje. Sempre tive muito interesse pelo Oriente Médio, suas tradições e culturas, e após ler a sinopse do livro não teve como não pedir a Telma para solicita-lo com a nossa querida Editora parceira, Novo Conceito.

Em "A Casa do Céu" conhecemos a Amanda (para saber mais sobre ela, clique aqui), que com uma infância conturbada e humilde, tem o sonho de viajar o mundo que ela conhece apenas pelo que vê nas matérias e fotos da National Geographic. Aos 19 anos ela inicia uma trajetória com apenas uma mochila nas costas que começa na Venezuela e dentro de um espaço de 6 anos ela conheceu mais de 50 países.

Ela sabia dos perigos que corria, mas ainda assim passou por vários países do Oriente Médio que estavam em guerras e conflitos constantes por questões político-econômica-religosas. Percorreu o Sudão, a Síria, o Paquistão, Bangladesh, Afeganistão e Iraque. Mas o que ela não esperava em que em 23 de agosto de 2008, no seu quarto dia na Somália, seria sequestrada.
"Dentro da minha cabeça havia uma batalha feroz entre o racional e o irracional. Uma parte de mim acreditava que isso era apenas um mal-entendido, que não éramos bem vindos nesse território, com nosso carro de luxo cedido pelo hotel e nossa pele branca, e que receberíamos algum tipo de reprimenda dos milicianos sobre andar fora dos limites estabelecidos antes de sermos mandados de volta Mesmo assim, depois das temporadas que passara no Iraque e no Afeganistão e após acompanhar o noticiário daqueles lugares, eu sabia que extremistas furiosos gostavam de decapitar seus inimigos. Não conseguia saber qual desses pensamentos era o menos razoável."
Amanda não estava sozinha. Nigel, um ex-namorado e fotógrafo que se juntou a ela na viagem também foi capturado. E durante todo o tempo que eles passaram em cativeiro é possível ver a diferença na forma como eram tratados pela questão do gênero. Mulheres sempre tinham culpa.

Como tática de sobrevivência ambos se converteram ao islamismo porque segundo o Alcorão, "um crente não pode matar outro crente" e "um escravo crente recebe mais leniência do que um escravo não crente". Mas pelo fato de ser mulher, as coisas não ficam tão fáceis para ela. Ela foi humilhada, torturada, abusada, violentada e agredida.

São 460 dias em que é impossível não sentir junto com ela tudo que ela passou. "A Casa do Céu" é um livro extremamente forte, que nos coloca o tempo todo no lugar dela. Perguntei-me o tempo todo de onde ela conseguia tirar tanta coragem, tanta força e sobreviver mesmo quando a morte parecia a melhor opção.

Foi uma leitura que não só me sensibilizou, como despertou uma consciência crítica em mim. Sequestros como o da Amanda são mais comuns do que pensamos. Ainda há países onde você é julgado e condenado por sua religião, cor, nacionalidade. Ok, é cultura, tem que se respeitar. Mas está chegando a um nível onde a própria população (feminina, pelo menos) chegou ao limite. Passaram a lutar por direitos iguais. Imagina ser privada da educação por ter nascido mulher?!
Uma parte que me chamou bastante atenção, é que quando ela vai a Bangladesh (a primeira viagem que ela faz sozinha), com seu jeans e sua camiseta, e não consegue hospedagem em nenhum hotel pelo fato de não estar acompanhada do marido ou do pai. Mulheres solteiras não podem andar sozinha e devem ter o corpo coberto pelo abaya e o rosto por um véu. Chega a ser desesperador!

Sei que os conflitos continuarão existindo, até porquê não se muda uma tradição de uma hora para outra. Mas está na hora de nós, pessoas que não enfrentamos o que eles enfrentam, parar para pensar numa forma de ajudar. Já existem várias fundações, a própria Amanda fundou a Global Enrichment Foundation e tem trabalhado como jornalista humanitária desde então. A lição que fica é que toda dor, trauma e sofrimento podem ser utilizados em uma boa causa.

http://livrocomdieta.blogspot.com.br/2014/01/indomavel-nick-vujiciv.html 
Mallu Marinho

14 comentários:

  1. Oi Mallu, tudo bem?

    Eu gosto de livros realistas e que nos façam refletir, mas confesso que Casa do Céu não me chamou a atenção. Acho que é porque li muitos livros que tinham essa temática realista, guerras, drama e agora to mais light =P Mas de qualquer forma, eu adorei a resenha.

    beijos
    Kel
    www.porumaboaleitura.com.br

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    1. Sei bem como é isso, Kel. Eu, por exemplo, sempre digo que vou ler coisas mais lights, mas não consigo desapegar desses dramas realistas, haha. Muito obrigada pelo comentário!

      Beijocas.

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  2. Gosto de visitar o blog exatamente porque sempre aprendo coisas novas, saio do meu mundinho Mr.Darcy, e essa temática sempre foi um medo pra mim, onde as mulheres não podem falar, só de pensar me sinto sufocada. Essa realidade é terrível e insustentável, a partir dela venho criando afeto pelos Direitos Humanos. É dever nosso ,pelo menos tentar, acabar com o massacre físico principalmente, sofrido pelas mulheres.

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    1. Oi, Larissa! Se você sentiu isso só por ler a resenha, acho que consegue ter ideia de como é o livro, né?! Você pegou bem o espírito da coisa. Espero que tenha a oportunidade de ler o livro!

      Beijos.

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  3. Oi, Mallu! Recomendo para você os livros "Infiel" e "Eu sou Malala". O primeiro é muito chocante, e muito inspirador. O segundo ainda não li. Ambos retratam a luta das mulheres em regiões onde são inferiorizadas.
    Adorei sua resenha, eu também fui arrebatada pelo livro. Tenho curiosidade em ler o do Nigel.
    Beijos.

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    1. Dicas anotadas! Também fiquei curiosa em ler o livro do Nigel, espero que seja lançado aqui (se ainda não tiver sido). Vou até procurar saber sobre isso!

      Beijos, Tati!

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  4. Tenho muita curiosidade de ler esse livro!! Será o próximo que pretendo comprar!

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    1. Leia e não esqueça de vir aqui dizer o que achou. Adoro ver a opinião das pessoas sobre um livro que eu já tenha lido!

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  5. Um livro bem forte esse! Ela passou por muitas coisas.

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    1. Fortíssimo! Mas que acrescenta muita coisa também, Cinthia. Se tiver a oportunidade, leia. Creio que você vá gostar, mesmo que seja uma leitura que de certa forma vai tirar você de sua zona de conforto (assim como me tirou da minha).

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  6. O tema parece bom. O título é que eu acho que poderia ser diferente, porque remete a uma leitura religiosa.

    pensamentosquasediarios.blogspot.com

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    1. Verdade, pelo título parece um livro cristão, sei lá

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  7. Interessantíssimo. Vai pra minha lista
    Adorei a resenha!

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  8. Ja coloquei na minha lista, quero dms esse livro!

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:) :( ;) :D :-/ :P :-O X( :7 B-) :-S :(( :)) :| :-B ~X( L-) (:| =D7 @-) :-w 7:P \m/ :-q :-bd

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