Hellraiser

Escrito em 1986, Hellraiser – Renascido do Inferno apresentou ao público os demoníacos Cenobitas, personagens criados por Clive Barker que hoje figuram no seleto grupo de vilões ícones da cultura pop como Jason, Leatherface ou Darth Vader. Toda a perversidade desses torturadores eternos está presente em detalhes que estimulam a imaginação dos leitores e superam, de longe, o horror do cinema. 
Clive Barker escreveu o romance Hellraiser – Renascido do Inferno (The Hellbound Heart, no original) já com a intenção de adaptá-lo ao cinema. O cultuado filme de 1987 seria sua estreia na direção, e ele usou o livro para mostrar todo seu talento como contador de histórias a possíveis financiadores. Nas palavras do próprio Barker: “A única maneira foi escrever o romance com a intenção específica de filmá-lo. Foi a primeira e única vez que fiz assim, e deu resultado”.
De leitura rápida e devastadora, Hellraiser – Renascido do Inferno conta a história de um homem obcecado por prazeres pouco convencionais que é tragado para o inferno. Inspirado nas afinidades peculiares do autor, o sadomasoquismo é um tema constante em sua arte. 

Muita calma nessa hora, surtadinhos favoritos porque vamos falar de um grade mestre!

Clive Barker já habita minha estante há algum tempo. Dele eu já li O Desfiladeiro do Medo, Livros de Sangue, volumes 2 e 3 e O Jogo da Perdição. Tornei-me fã de sua escrita rebuscada (e por vezes explícita) e sem falhas. Seu humor, as muitas pitadas de poesia... e sua arte em saber usar as figuras de linguagem (em especial a metáfora, comparação, prosopopéia, dentre outras, fazem meu coração pulsar mais rápido).

Além de saber usar as palavras (e suas muitas possibilidades), Clive Barker explora de forma inigualável o mundo da loucura. 

É impossível lê-lo e sair ileso. Impossível lê-lo e não sondar sua mente em comparação. Impossível lê-lo e não sentir asco, medo e pensar no quanto ele sabe narrar as muitas facetas de uma mente perturbada.

Mente... mente.... Elas me fascinam.

Livro - parte física

DarkSide, sua linda, você sabe me agradar (megalomaníaca, achando que fizeram pensando apenas em mim).

A capa dura e preta possui material em relevo e nos faz lembrar couro. Ao passar os dedos, temos a sensação de um livro antigo (apesar de ser novinho). A caixa de Lemarchand vista de cima, em dourado completa o ar místico. Correntes na parte de trás, completam com um ar sadomasoquista.

Enfim... a capa é genial e me dá vontade de POSSUIR a capa... (surtei, né?)

A fitinha preta para marcar a página é dark requinte puro!

A diagramação interna das folhas (ah! as folhas... um luxo a parte!).

A separação dos capítulos por folhas pretas com algum desenho condizente com a história fecha o espetáculo.

Sim, sim! Eu babei o livro todo!

Livro - conteúdo

A história começa com Frank (grave esse nome) tentando abrir a caixa de Lemarchand, construída por um mestre artesão, que parecia impossível de ser aberta. De qualquer forma, era prometido maravilhas a quem conseguisse abri-la. Lenda? Mito? Frank no momento estava preocupado em desvendar o quebra cabeças, ainda que fosse apenas pela satisfação pessoal da vitória, ao abrir a intrincadíssima caixa.

Quando ouviu o click da abertura e todos os alinhamentos que permitiam a abertura da caixa, Frank espera a chegada dos Cenobitas, como lhe foi prometido pelo fornecedor da caixa.

Ele fez todo o ritual de invocação que já conhecia e ficou esperando e aconteceu... enfim, aconteceu a chegada de 4 Cenobitas.

"Ele ficou nas trevas. sem nada dizer. Mesmo se pudesse se lembrar das palavras de boas vindas que tinha preparado, sua língua não as teria dito. Ela estava brincando de morta na boca." 

Eles perguntam o que Frank quer e ele, claro, responde: "Prazer".

E é a partir daí que se instala o terror!

O prazer prometido a Frank (que ele imaginava ser muito diferente e cheio de sensualidade e mulheres peladas) acontece (mas acontece na concepção dos Cenobitas do que é prazer) e junto com ele a dor eterna... a danação eterna. (Essa dor e danação quase podemos sentir ao ler as páginas).

Ele é sugado para o mundo de prazer (só lendo pra ver!)

A partir daí vemos a história do irmão de Frank, Rory, casado com Julia e a mudança deles para uma casa antiga, que pertencia a avó de Frank e Rory (redundância proposital, só pra você não se perder muito, nos nomes).

Há um triângulo amoroso (amoroso ou doentio?) entre os irmãos e Julia, que é narrado no livro.

Kirsty, amiga de Rory (e que é apaixonadinha por ele) também desempenha um papel considerável no livro.... principalmente quando Julia começa a agir estranhamente e ela, atendendo a um pedido de Rory, decide conversar com Julia e descobrir o que está acontecendo. Pobre Kirsty.

O destino de Frank é horrível... ele está preso (dentro da parede) naquele horror todo e, de maneira que só Clive Barker pode contar, Julia (a louca), decide trazê-lo de volta "à vida" e sair do marasmo que era sua vida com o marido.

"Os dois podiam salvar um ao outro, da forma que os poetas prometiam e os amantes fariam. Ela era um mistério, ele era trevas, ele era tudo com o que ela sempre sonhara. E, se ela o libertasse, ele a serviria - ah sim - até que o prazer dela alcançasse aquele limiar que, tal qual todo limiar, era um local onde o forte fica mais forte e os fracos pereciam. Prazer era dor ali, e vice-versa. E ele o conhecia bem o suficiente para chamá-lo de lar."

Que tal?

Dá pra ver o quanto o livro é bom?

É um livro pequeno mas não dá pra ler numa "sentada". Barker é um gênio e demorar em sua riquíssima escrita é prazer... com uma pitada de dor.

Quem são os Cenobitas?

Uma vez que o livro não deixa claro, fui buscar e encontrei várias informações. 

Cenobitas eram monges/sacedordotes de determinada ordem religiosa. Eles abdicam dos prazeres e objetivos comuns em prol da prática religiosa.

O Wikipedia ainda faz referência ao livro de Barker:

"O livro The Hellbound Heart (Hellraiser) menciona os Cenobitas como sendo "Teólogos da Ordem de Gash"; eles também são conhecidos pelo termo "Hierofante". Como seres extra-dimensionais, eles conseguem alcançar nossa realidade apenas através de brechas no espaço-tempo feitas por determinados artefatos místicos. O mais comum desses artefatos é um cubo de partes móveis conhecido como a Configuração do Lamento."

O livro nos mostra um pouco da hierarquia entre eles... mas bem an passam.

Tirei foto com um deles, como você pode ver abaixo:

E aí?

Percebeu que sou fã?

Tá a fim de um terror terrível mesmo? Um tanto quanto nojento? Este é seu livro!