Anjos

A Facção Iconoclasta

Para cada ação uma reação: o plano seguia conforme o combinado. Mas, por que no meio de uma investigação tão importante o detetive Clóvis teria ido tão longe investigar a morte de uma modesta catequista?
O que se passa em Anjos - o segredo de Judith, em síntese, representa uma armadilha contra o líder de uma perniciosa facção iconoclasta. A reação deste líder é a chave desta segunda aventura.
O livro inicia por narrar os dias que antecederam a investigação sobre a morte de Judith, a catequista, e continua após a partida do detetive Clóvis da cidade interiorana de Rio Vermelho.
Desta maneira, o livro anterior se passa em um lapso de tempo deste, que além de incluir as novas dificuldades investigativas devidas à intromissão dos inspetores externos Noêmia e César, revela novos aspectos da caótica filosofia angelical.
A principal abordagem de Anjos a facção iconoclasta refere-se às práticas de explodir imagens sagradas em igrejas católicas.
Mas Clóvis, o detetive que interpreta anjos, descobre a origem desta estranha tendência e se infiltra no audacioso e criativo fórum virtual de debates, o Art Forays, no qual enigmáticas mensagens são inseridas pelo grupo criminoso para indicar igrejas e métodos de detonação das esculturas religiosas que estas igrejas contenham.
O desafio é interpretar essas mensagens para, chegando antes, evitar que novas explosões acabem por deflagrar uma guerra religiosa, de proporções incalculáveis. Os católicos estão irados, e não estão mais dispostos a aceitar a profanação de seus templos e signos sagrados.

Segundo Livro

Wudson Silva

Páginas: 376

Editora: Sendas Edições

Desde que li o primeiro livro, O Segredo de Judith, e fiquei encantada com a narrativa,  o mistério e com o personagem Detetive Clóvis que desejei ter o segundo livro para ler.

Por acaso o autor encontrou minha resenha no blog e entrou em contato com a Telma e gentilmente enviou o livro para mim. Li ele em seguida, mas infelizmente devido a vários acontecimentos estou um tanto afastada do blog, internet e por isso não fiz a resenha. Peço desculpa ao autor pela minha falta até o momento.

Nesse segundo livro a leitura  nos dá uma visão dos acontecimentos anteriores sobre a investigação dos iconoclastas e como o detetive Clóvis acaba tendo de ir até Rio Vermelho. Essa abordagem ficou ótima, nos dá uma visão geral de tudo e mata a curiosidade daqueles que iniciaram a leitura e depararam com essa criatura diferente que é o detetive Clóvis, mas não pensem que o autor explica aqui tudo sobre essa figura enigmática.

Logo somos transportados aos presentes fatos da corrente investigação sobre os iconoclastas após a saída (fantasma – aqueles que leram vão me entender) do detetive da cidade de Rio Vermelho.

E para nos deixar com os nervos à flor da pele – não bastava só a investigação, o autor ainda introduz duas figuras, o detetive César e a detetive Noêmia que tem por objetivo fazer um relatório mostrando que o detetive Clóvis é uma farsa e seus métodos são “indevidos” ao exercício de seu posto, pois ninguém entende como ele consegue solucionar os casos sem provas e obter provas que já sabia existir, não após o início dos fatos, e não após a conclusão dos mesmos.

Sou difícil de detestar tanto um personagem, mas Noêmia conseguiu conquistar toda minha aversão por sua personalidade mesquinha, má e destrutiva. Por fim, me peguei desejando a morte dela. Mas, o bom de tudo, é que a intenção do autor era essa quanto à personagem, e ele conseguiu, como conseguiu, e o melhor foi o final que ele deu para ela.

A trama gira em torno da investigação que decorre depois de um rapaz se atirar aos leões em um zoológico, e que ninguém pensa ter alguma ligação com os iconoclastas, mas nosso detetive faz essa ligação, começa a colher evidências, tentando transformá-las em provas e em algo concreto o suficiente para chegar aos verdadeiros criminosos. Os fatos da investigação introduzem diversos personagens, a equipe do detetive tem um destaque especial, a tecnologia é bem explorada no texto, e principalmente Joyce se destaca.

Toda a investigação é um grande quebra cabeça, toda a equipe de Clóvis trabalha para decifrar antes de que outras igrejas sejam destruídas, antes que outras pessoas morram e antes que o distintivo de Clóvis seja retirado dele.  Cada personagem e parte da narrativa parece sem propósito, sem nexo, mas no final o autor consegue amarrar todos os personagens a cada fato exposto, a cada ação que tomaram durante toda ação policial. Ele nos leva a pensar algo durante a narrativa e o desfecho é totalmente diferente, esperem surpresas, pois terão. E possui ação policial, até uma perseguição. A história é recheada de surpresas, ação, mistério e mostra a melhor e pior parte que o ser humano possui.

O que achei mais ousado foi que nesse segundo livro o autor introduziu uma boa pitada de humor na narrativa, ou talvez foi a minha parte macabra contra Noêmia que só desejava a morte dela cada vez que ela metia os pés pela cabeça.

Não vou dizer que esse livro é melhor do que o outro, pois para mim são um só livro, até porque os fatos do primeiro livro são um apêndice desse, está contido dentro da narrativa desse, portanto, para entender esse livro, sugiro que leia o primeiro, para que não fique faltando nenhuma peça do quebra cabeça. Particularmente, amei o primeiro devido a atuação do detetive ter sido mais focada e única, mostrado seus “poderes especiais” e me encantado. Nesse segundo, como já sabia de onde vêm “seus métodos especiais”, pensei que seria algo sem graça, mas fiquei deslumbrada com a escrita do autor, com a forma que consegue amarrar o texto, os fatos. Me fez pensar muito para tentar desvendar o caso, e não deu pistas como no primeiro livro do que o Clóvis já tinha descoberto pelos seus “poderes”.  Só esperei mais do Clóvis em evidência como no livro anterior quanto a utilização “de seus poderes” e seus ensinamentos perspicazes, mas o enfoque não era isso, aqui ele mostrou a ação.

Não é um livro sobrenatural, apesar do nome sugerir isso, mas não deixa de ser. O título é sugestivo, o ser humano tanto pode ser anjo, como demônio. Ou demônios vestidos de anjos e pode se demonstrar um demônio e ser um anjo, tudo depende de seu coração. É um livro policial intrigante e audacioso pela forma que foi escrito, pelos temas abordados: religião, problemas mentais, e nesse ainda com maior audácia introduz algo que não esperava, a segunda chance. A grandiosidade desse personagem é tamanha que ele ensina a todos quando deve dar a segunda chance a uma pessoa e a enxergar nela muito mais do que só os olhos veem.

Não preciso dizer que amei, verdade? Compensa ser lido.

Percebendo o perigo, Cassiano desceu com o helicóptero em rasante, passando por debaixo da passarela e obrigando um dos carros a parar abruptamente, dando passagem à viatura. Clóvis passou debaixo do helicóptero e desviou perigosamente de mais um veículo adiante. Estando livre, pisou ao máximo no acelerador. O helicóptero foi na frente, alertando os outros motoristas. Em instantes se deparariam com Noêmia e seus perseguidores.