Uma biografia por Bruno Levinson
por Telma Myrbach
Novembro de 2000. Nove tiros. Um dos mais contundentes e brilhantes músicos da geração 90, Marcelo Yuka, na época compositor e baterista da banda O Rappa, viu a vida se transformar ao ser alvejado por bandidos. Até então, sua trajetória seguia o caminho do melhor dos sonhos e, como ele mesmo diz, “sonho de ninguém comporta a realidade de ter virado um aleijado”.Naquela hora, teve a certeza de que não morreria, mas seria preciso renascer.Perdeu a força para a bateria, perdeu a mobilidade para viajar com o grupo, mas, o pior de tudo: foi demitido da banda que ele próprio ajudara a criar.Amigo de bandido, de político, de policial, Marcelo Yuka se reinventou como artista e como pessoa. Sua preocupação social o manteve em cena. No processo de recuperação, convive até hoje com dores lancinantes e tem dificuldade para executar tarefas simples. Porém decidiu experimentar novas possibilidades: na música, nas artes e até na política.Neste livro, Yuka faz um relato de alma, mantendo um compromisso raro com a verdade de suas angústias e alegrias.Apesar das dores dos anos, Yuka manteve uma sensação de juventude pulsante que o fez seguir criando. E mesmo que sua história possa indicar o contrário, ele não abandonou a crença de que o melhor ainda está por vir.
“Não se preocupe
comigo” da Sextante é uma autobiografia escrita em parceria com Bruno
Levinson.
É uma bio dramática, cheia de emoções e muitas afirmativas que considerei poesia.
Após ter levado 9 tiros, em um assalto no Rio, em 2000 (onde percebe-se claramente o "estar no momento errado na hora errada"), o compositor e baterista do Rappa ficou paraplégico e conta, com uma sinceridade muito gostosa (sentimos isso a cada frase!), desde a infância em Campo Grande, até os dias atuais (onde percebe-se claramente que as dificuldades que enfrentou o colocam em xeque, nesse momento em que atravessa a crise da meia idade (está, atualmente com 48 anos).
É uma bio dramática, cheia de emoções e muitas afirmativas que considerei poesia.
Após ter levado 9 tiros, em um assalto no Rio, em 2000 (onde percebe-se claramente o "estar no momento errado na hora errada"), o compositor e baterista do Rappa ficou paraplégico e conta, com uma sinceridade muito gostosa (sentimos isso a cada frase!), desde a infância em Campo Grande, até os dias atuais (onde percebe-se claramente que as dificuldades que enfrentou o colocam em xeque, nesse momento em que atravessa a crise da meia idade (está, atualmente com 48 anos).
O livro começa com a narrativa chocante dos 9 tiros, contado da perspectiva de Yuka e, é tão intensa essa passagem, que é impossível não haver empatia e com ela, o peso do momento do tiroteio.
"Eu me lembro bem de tudo o que aconteceu. O primeiro tiro quebrando o vidro, meu braço esquerdo explodindo e um caco de osso no teto, com um pouco de nervo ou carne, não sei. (...) - parecia que eu estava explodindo de dentro pra fora. Eu me via explodindo." Pag. 15
Forte, né? mas não se preocupem, o livro não gira em torno do acidente. O acidente é o ponto de partida para a descoberta da força e em decorrência dela, a narrativa. Em alguns momentos, fortemente depressiva, em outros, fortemente sensível, mas definitivamente essa é uma característica que mais me chamou atenção em Marcelo Yuka: a força, seguida de perto pela verdade auto analítica.
As histórias com as mulheres de suas vidas trazem um pouco de tudo, desde romance à decepção.
Acerca disso, amei o que li em entrevista:
"As mulheres que estão no livro foram importantes demais na minha vida porque amaram profundamente e sem medir esforços alguém que sempre foi escangalhado, de uma forma ou de outra — conta o músico de 48 anos, em sua casa, na Tijuca. — Se hoje tenho um entendimento disso aqui (aponta para a cadeira de rodas), foi porque elas me ajudaram, me deram esse norte. Até o acidente, por exemplo, eu transei de todas as maneiras possíveis, dentro de uma ótica hetero (risos). Mas as mulheres que vieram depois, quando eu já não tinha mais nenhuma capacidade de dominação, me apresentaram a uma coisa chamada fazer amor, que eu nunca tinha sentido antes. Acho que essa foi a lição mais forte que tive na cadeira de rodas."
"As mulheres que estão no livro foram importantes demais na minha vida porque amaram profundamente e sem medir esforços alguém que sempre foi escangalhado, de uma forma ou de outra — conta o músico de 48 anos, em sua casa, na Tijuca. — Se hoje tenho um entendimento disso aqui (aponta para a cadeira de rodas), foi porque elas me ajudaram, me deram esse norte. Até o acidente, por exemplo, eu transei de todas as maneiras possíveis, dentro de uma ótica hetero (risos). Mas as mulheres que vieram depois, quando eu já não tinha mais nenhuma capacidade de dominação, me apresentaram a uma coisa chamada fazer amor, que eu nunca tinha sentido antes. Acho que essa foi a lição mais forte que tive na cadeira de rodas."
A frase que mais me cativou (dentre tantas maravilhosas) foi de uma verdade, força e sensibilidade tamanha. Termino deixando-a com vocês.
"Toda pessoa lesada é perigosa, porque sabe que pode sobreviver".
Vale muito a pena a leitura!
Telma,
ResponderExcluirforte! Os quotes que separou foram profundos. Uma pessoa que mudou a concepção totalmente e com uma direção completamente nova. Simplesmente incrível! Ao ler fiquei perplexa!
Verdade, Cinthia...
ExcluirEsses quotes dão a perfeita noção de quão profundo Yuka se tornou e quão forte se fez (ou se descobriu).
Uma master beijoca em você.
Oi Telma!
ResponderExcluirEu lembro de quando aconteceu isso com o Marcelo Yuka... Essa biografia deve ser emocionante!
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Pois é, Sora!!!
ExcluirJustamente por lembrar quando isso aconteceu é que escolhi ler a Biografia. Um pouco de realidade em meio à ficção dos livros me faz bem e a bio não desapontou.
Uma beijoca em você
Muito bacana Telmita, me parece uma bio que todas as pessoas devem ler.
ResponderExcluirA capacidade de se reinventar dos seres humanos é surpreendente.
Hug
Marcinha, derruba por terra o mito do "eu não vou conseguir"... a gente percebe que a gente encontra maneiras de sobreviver e, como você bem disse "se reinventar" quando a necessidade aparece.
ExcluirBeijoconas gigantes.
Não gosto de biografias, mas apesar disso acho que seria interessante ler .
ResponderExcluirDeve realmente ser muito difícil se ver numa cadeira de rodas para o resto da vida por culpa de bandidos, nem sei como reagiria.... mas são nesses momentos que conhecemos a nossa força né?
ResponderExcluirBom, adoro biografia que contam histórias de superação (nada de biografia do Justin Bieber!!! )
Espero ler!
bjos
É, Luíza... acho que a bio do Justin Bieber também não rolaria pra mim! ;)
ExcluirMas assim como você, histórias que ensinam sobre superação me inspiram.
Essa é uma delas.
beijocas em você, sua linda.
Pra mim o bom das biografias é que me emociona e faz refletir um pouco mais do que as ficções, sobre ação e consequência, nesse caso sobre a mudança de uma vida.
ResponderExcluirTenho a mesma opinião, Lola.
Excluir:* beijos
Gosto muito da música do marcelo, adoraria ler a biografia, acho que iria gostar.
ResponderExcluirConversas de Alcova
Eu tenho certeza de que você iria gostar. É poética como as músicas!
ExcluirBeijocas
"Toda pessoa lesada é perigosa, porque sabe que pode sobreviver". Tem o que comentar?
ResponderExcluirDificilmente leio biografias, mas essa parece ser bem forte e emocionante.
Forte, né Fê!
ExcluirAchei o máximo também.
beijos
Eu não sou muito fã de biografias. Eu realmente preciso adorar a pessoa para ler sem abandonar. Mas eu não sabia sobre essa, do baterista do O Rappa. Ele passou por muita coisa, não? Parece ser uma leitura bem forte.
ResponderExcluirIngrid,
ExcluirEu não era fã tempos atrás mas, desde que descobri o quanto é bom saber das superações na vida real (além das ficções), passei a ler sobre quem desperta minha curiosidade.
Creio que você também vá gostar desse. ;)
beijos
Telma!
ResponderExcluirAs biografias chamam minha atenção, principalmente quando se trata de um relato verdadeiro e emocionante. Sim, porque tem algumas biografias por aí que são apenas para 'levantar' o nome do biografado e mascara muito a realidade.
Imagino o sofrimento do Marcelo, porque passei por algo parecido... Quando não pude ser mais produtiva para empresa que trabalhava, ela simplesmente me demitiu sem dar assistência e olha que não fiquei paraplégica, embora tenha sério comprometimento na parte inferior, ando com órtese e muleta, poderia continuar trabalhando de tempos em tempos, quando não estava em crise, mas ainda assim, me abandonaram... infelizmente!!
Bem interessada em ler essa biografia.
cheirinhos
Rudy