Mais
um conto difícil de explicar. Parece um grande sonho nebuloso que
sonhamos em nossa noite anterior. E quando acordamos, lutamos para
nos lembrar, mas nos falta a capacidade de visualizar cada cena e
coloca-las numa ordem que faça algum sentido.
Este
conto de escrita frenética, que não necessariamente possui alguma estrutura de estória para contarmos. Mas acredito que muito mais que uma estória escrita de uma forma tradicional, Clarice deseja nos revela conceitos, irei chama-las de verdades noturnas.
Eles queriam fruir o proibido. Queriam elogiar a vida e não queriam a dor que é necessária para se viver, para se sentir e para amar. Eles queriam sentir a imortalidade terrífica. Pois o proibido é sempre o melhor
No
conto, Clarice nos traz vários elementos que são parte da vida de
todos nós. Aqui temos padres, judeus, ricos, mulheres, crianças,
cachorros e uma escritora falida.
E como também, uma
pessoa andrógena que é uma especie de profeta e que guia estas
pessoas e seus medos pelo caminho, através de uma "montanha" (acredito
que todos nós temos algum guia, seja ele espiritual ou não). Eu sei, tudo é muito pitoresco e surreal.
Sua vida era uma constante subtração de si mesma
E
toda a cena descrita pela autora, me parece dar-se num sonho, onde
todos os personagens são eles mesmos no sentido mais puro, e isso só é possível, quando a noite cai.
A
noite é o lugar onde as coisas reais acontecem. Este conto me fez
perceber este fato curioso e indiscutível.
Quando
estamos sozinhos com nossos pensamentos, no apagar das luzes, onde
pesamos todo o nosso dia e fazemos promessas de rompermos com o que
nos desagrada ou ainda , prometemos ser mais ousados com respeito à
uma fatia de nossa vida, que à anos varremos para debaixo do tapete.
Não
é no dia que se revela quem de fato você é, mas a noite nos
apresenta em nossa melhor versão. Um eu cheio de possibilidades.
Falta-nos coragem para assumirmos o eu noturno e suas verdades mais intrínsecas e desconcertantes.
Falta-nos coragem para assumirmos o eu noturno e suas verdades mais intrínsecas e desconcertantes.
Só Clicar Aqui
Clarice Lispector - Todos os Contos
Editora Rocco - Capa Dura - 656 Pgs
Organizado por Benjamin Moser
Marcia Cogitare
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