03 setembro, 2016

Resenha: Eu Sobrevivi ao Holocausto


Como sobreviver a um campo de concentração? Estaria essa sobrevivência condicionada ao acaso do destino? Em um emocionante relato, Nanette Blitz Konig conta a história de um período em que ela e milhões de judeus foram entregues à própria sorte com a mínima chance de sobrevivência. Colega de classe de Anne Frank no colégio, Nanette teve a juventude roubada e perdeu a crença na inocência humana quando esteve diante da morte diversas vezes – situações em que fora colocada em virtude da brutalidade incompreensível dos nazistas. Hoje, aos 86 anos, Nanette vive no Brasil e expõe suas lembranças mais traumáticas aos leitores. As cenas vivenciadas por ela fizeram os mais experientes oficiais de guerra, acostumados a todos os horrores possíveis, chorarem ao tomar conhecimento. Em uma luta diária pela sobrevivência, Nanette deveria suportar o insuportável para manter-se viva. Através de um depoimento ao mesmo tempo sensível e brutal, ela questiona a capacidade de compaixão do ser humano, alertando o mundo sobre a necessidade urgente da tolerância entre os homens.



Histórias sobre o holocausto são sempre difíceis de ler, mas Nanette faz com que a leitura seja leve, apesar do conteúdo pesado.

Nanette começa explicando como todos tinham uma vida normal até que o Exército Alemão e os Nazistas começaram a perseguir os judeus; famílias judias eram convocadas para a deportação, encaminhadas para Campos de Transição, e posterior, Campos de Concentração.

Os judeus convocados eram encaminhados para Campos de Transição onde aguardavam em Blocos até serem encaminhados aos Campos de Concentração (os Blocos nada mais eram do que uma divisão das pessoas que estavam nesses Campos - normalmente recebiam uma quantidade de comida diária e poderiam permanecer com suas próprias vestimentas).

Já as famílias que eram convocadas e se escondiam eram consideradas “judeus condenados” e quando localizados eram encaminhados para os Campos e deveriam utilizar macacões azuis e tamancos de madeira, além de permanecerem no Bloco de Punição, forçados a trabalhar nas piores condições e recebendo menos comida (foi o caso da família de Anne Frank, que ficaram escondidas no Anexo Secreto, mas não escaparam dos Campos de Concentração).

“Os judeus faziam trabalhos absurdos e sem objetivo nenhum senão castigar. Carregar pedras e depois colocá-las de volta na posição anterior, por exemplo, era comum”.

Inicialmente a família de Nanette ficou em um Campo de Transição situado no nordeste da Holanda, onde toda segunda-feira liam-se os nomes daqueles que deveriam apresentar-se na manhã seguinte para a deportação; em uma manhã de segunda-feira a família de Nanette foi enviada ao Campo de Concentração Bergen-
Belsen.

“Desde as primeiras impressões que tive em Bergen-Belsen, me chamou a atenção o fato de que não havia passarinhos voando o cantando. Era muito curioso, pois estávamos em uma região bem arborizada, com muito verde no verão, e mesmo assim a natureza parecia não dar sinal de vida. Mas, também, que tipo de canto seria inspirado por esses arames farpados, torres de vigilância, armas e rostos amedrontados? Sem dúvida, não seriam as belas canções de pássaros em liberdade”.

Muita coisa ruim aconteceu, muita tortura, muito descaso, coisas que a gente lê e fica pensando como a sociedade pôde aceitar tanta crueldade, parece loucura, parece surreal, mas infelizmente foi tudo verdade.

Nanette sobreviveu, e nem sabe explicar como. Hoje ela vive no Brasil, formou sua própria família, mas carrega consigo muitas marcas dessa época, muitas mágoas e tristezas, fatos que ela nunca esquecerá.


Se alguém tiver interesse e quiser saber mais um pouquinho sobre o holocausto e sobre as condições nos Campos de Concentração, esse é o livro certo, pois como eu disse apresenta uma leitura leve, diferente de leituras maçantes geralmente encontradas em documentários.



Daini Cris Pedrobon


16 comentários:

  1. Oi Daiani, não conhecia este livro.
    Tenho muito interesse neste tipo de literatura.
    E como vc mesma disse em sua excelente resenha, parece surreal algo assim ter ocorrido. Mas ficam os relatos dos sobreviventes como testemunho de tal barbárie.

    Hug lindona

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. então Márcia, eu leio e parece algo tão "inventado", não consigo crer que foi verdade, é muito triste :(
      se tiver oportunidade leia, a leitura é bem tranquila

      beeeijãao linda!

      Excluir
  2. Esse tipo de livro me dá uma super bad.... pensar em como alguém pode suportar tanta dor, ao passo que outro pode provocar tanta dor me deixa murcha.
    Mas, é o que posso chamar de "mal necessário"... porque há muita beleza por trás da força que nos impulsiona em direção a vida, independente do grau de sofrimento.
    Bela resenha, Dai!
    =D7

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. é Telma,
      também não entendo como os Alemães puderam provocar tanta dor, quanta frieza no coração dessas pessoas :(
      mas vamos pensar só na parte que você diz sobre a força que nos impulsiona :)

      :x

      Excluir
  3. Olá!
    Não sei porque mas eu sou fascinada por histórias sobre o holocausto (não que eu goste do que aconteceu por lá), mas sempre que leio algo a respeito não consigo deixar de tentar imaginar como que tamanha crueldade aconteceu. Não conhecia este livro ainda, já li o Diário de Anne Frank, mas o livro da Nannete eu não sabia que existia. Com certeza quero muito ler. Ótima resenha.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lara, eu também "gosto" desse tipo de história, e também li o Diário de Anne Frank que me deixou apavorada com o Posfácio :( e tenho ainda o Irmãs em Aschwitz para ler..
      mas, apesar de dizerem que é muuuito bom, são livros muito fortes para ler um atras do outro.
      Eu tbm não sabia da existência desse livro, encontrei ele por acaso em um sebo e tive que levar ele pra casa hheeheh

      :x

      Excluir
  4. Queria muito conhecer sobre esse holocausto, principalmente porque recententemente conhecia uma pessoa que também mora no Brasil atualmente e que presenciou e viveu toda essa situação, e realmente parece surreal. Esse livro parece ser mais detalhista, e conta como tudo aconteceu, fiquei bastante interessada nessa leitura.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. nossa Lana, que "riqueza" você conhecer alguém que presenciou toda essa tortura, digo riqueza pq apesar de ser um acontecimento muito triste essa pessoa deve saber de vários detalhes desse tempo :/
      Esse livro é bem detalhista, conta muito mais sobre os campos de concentração do que o Diário de Anne Frank (que eu tbm li), entre esses dois eu ficaria com Eu Sobrevivi ao Holocausto.
      Ainda falta eu ler Irmãs em Auschwitz, ai eu te digo qual é melhor no quesito "história"
      :x

      Excluir
  5. Eu gosto muito de ler livros que tenham alguma ligação com o Holocausto para aprender mais sobre a História. Eu já li o livro do "O menino do pijama listrado" e o "O menino da lista de Schindler". Me marcaram muito, fiquei muito triste ao lerem mas em relação ao segundo, fiquei contente pelo final :) Esse livro da resenha com certeza lerei.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Lavinia,
      eu tbm li O Menino do Pijama Listrado, e não conhecia esse O Menino da Lista de Schindler, mas sou louca para ler A Lista de Schindler..
      Vamos ver se consigo.. hehe
      Assim que eu ler Irmãs em Auschwitz faço uma resenha para que você possa ter mais uma opção..

      beeijãao!

      :x

      Excluir
  6. Olá!
    Tudo que envolve aquela época e Anne Frank eu me interesso em ler, e esse livro não é diferente, quando leio livros assim inclusive choro e 'peço desculpas' a essas pessoas que sofreram pelos seres humanos serem tão cruéis, como foram naquela época.
    Com certeza vou ler este livro, e muito boa sua resenha!
    Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Anny, que lindo o que você faz, sobre pedir desculpas, vou pensar assim quando ler o próximo e pedir desculpas a essas almas tbm :(

      Excluir
  7. Aconteceu, infelizmente. Judeus Ashkenazim foram mortos, uma grande maioria, mas dentre eles estavam judeus Sephardim também, mas poucos. Sempre que leio qualquer coisa que cita Anne Frank fico pensando em várias possibilidades do que ela se tornaria. Bem, como as várias crianças que morreram em todos os campos de concentração que existiram, e como não ficar pensativa ao ler sobre os sapatinhos de Treblinka, ou um poema de uma criança que falava sobre uma rosa, e que a rosa permaneceria e quando desabrochasse a criança já não existiria. E realmente morreu! Esse tema é ótimo para analisar a capacidade contrastante entre fazer o bem e o mal que há no ser humano. E, para não errar como antes.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Achei alguém expert em holocausto.
      Quanta informação amiga, vou procurar esse poema que você citou, fiquei curiosa, apesar do contexto triste :/

      Excluir
  8. Oi, Daiani!
    Não conhecia o livro. Apesar de ser um tema forte e muito triste, gosto de ler, pois faz a gente refletir e valoriza mais ainda a vida que temos. Gosto de filmes e livros com esse tema, apesar de muitas vezes deixar pensar que é somente ficção, para conseguir seguir em frente com o filme ou livro. Mas infelizmente foi muito real, e talvez muito mais cruel do que nos passam. Gostei da indicação, vou tentar adquirir. Sua resenha está ótima, como sempre.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Marcia,
      também acho que apesar do tema ser muito triste serve para reflexão e valorização da vida tão boa que temos e que vivemos reclamando; e confesso que as vezes me faço pensar que é ficção para conseguir ler o livro tranquila e só depois ficar pensando nas consequências trágicas :/
      muito obrigada por ler mminha resenha sua linda :x

      Excluir
:) :( ;) :D :-/ :P :-O X( :7 B-) :-S :(( :)) :| :-B ~X( L-) (:| =D7 @-) :-w 7:P \m/ :-q :-bd

Vai ser muito bom saber o que você achou dessa postagem!
Opine!