Anjos

O Segredo de Judith

Anjos - Isaias é um policial mal-humorado que exerce seu trabalho sem maiores percalços na apática Rio Vermelho, pequena cidade do interior de Minas Gerais. Mas sua rotina se transforma quando, em certa manhã, é encontrado no quintal da casa paroquial o corpo da jovem Judith. A investigação mal sucedida leva à solicitação de auxílio de um detetive da capital. Clóvis, o detetive recém-chegado, exibia um estranho movimento no olhar e uma capacidade extraordinária e inacreditável: ele lia os pensamentos alheios. Pelo delegado, Isaías soube que o detetive fazia isso dialogando com anjos. A investigação ia ficando a cada dia mais instigante. Mas Isaías intrigava-se com dificuldade de Clóvis em desvendar o crime, afinal, não lhe bastaria perguntar e observar os anjos próximos dos suspeitos? Assim que Isaías compreende como o detetive Clóvis visualiza o mundo através dos anjos e como esses influenciam os seres humanos, descobriu não só o segredo de Judith, mas viu mudar por completo sua vida e seu destino.

por Cinthia

Wudsoan silva

165 páginas

APED

Ganhei esse livro em um sorteio – me desculpa, não lembro mais de qual blog – é um livro brasileiro e gostei muito da leitura. São dois livros, e pretendo ler o segundo, assim que possível.

A história transcorre na cidade de Rio Vermelho – Minas Gerais - depois do assassinato de Judith no quintal da casa paroquial. O detetive Clóvis sai em busca do assassino para desvendar outro caso que investiga, o do Iconoclasta. O delegado não vê ligação entre a morte e o iconoclasta, mas permite que o detetive vá até Rio Vermelho. E, de sua chegada até o seu retorno para a capital ocorre uma sucessão de revelações surpreendentes que me prendeu e me fascinou. 

O personagem mais intrigante é o Detetive Clóvis. Obsessivo, não desiste do que propõe fazer, não usa métodos normais de investigação e fala sozinho como se sempre estivesse vendo ou ouvindo algo ou alguém a mais ao seu redor. Ele tem por ajuda quem o recebe na cidade, o policial Isaías, e os dois passam a investigar o assassinato para inocentar o Feiticeiro, o homem assim apelidado e apontado como o criminoso.

Analisando o comportamento dos seres humanos, chega-se à conclusão de que tentamos viver como se fôssemos os únicos e que não há no mundo alguém que nos assemelhe, mas a verdade é que tudo é repetido. Tudo igual. Durante gerações o ser humano imita o ser humano. Pior é descobrir que tudo isto não nos leva a nada, ou quase nada.

Logo, Isaías percebe quão diferente esse detetive é, e percebe que em alguns momentos ele para para ouvir... o além?... ou o que é que ele ouve que ninguém mais vê ou ouve? Então, passa a pensar que ele é maluco. Um dos desdobrar do livro é a respeito dessa excentricidade de Clóvis.

Fiquei bastante surpresa com os temas abordados nesse livro. Normalmente ocorre a fixação em um tipo de transtorno de personalidade ou uma doença mental em livros policiais, mas nesse há a abordagem de uma nova percepção da causa de todos os transtornos de personalidade, problemas mentais e emocionais. Não esperava que o livro viesse discorrer sobre isso, foi uma enorme surpresa. 

          O livro é pequeno e não há como falar muito a respeito, possui um apanhado de situações interessantes que me prenderam e me surpreenderam. Quando pensava ser algo comum, o autor mesclou com algo sobrenatural deixando a história mais interessante. 

Com uma história criativa e cheia de valores esquecidos, aponta como a discriminação age na mente das pessoas de forma a causar danos irreversíveis.

De fácil leitura, em poucas páginas mostra a diversidade do comportamento humano em situações em que as escolhas lhes marcam a vida toda, que me deixou perplexa pelo conjunto composto de filosofia e religião com uma abordagem de aspectos sobrenaturais. O título me conduziu a pensar algo a respeito do livro e conduz a outro caminho. É um livro de mistério bem feito. 

Resumo esse livro nessa frase: “Um todo sendo explicado em pouco”. Gostei da astúcia criativa do autor pelos vários conteúdos e o raciocínio em um desfecho muito bom.

Há uma coisa que o detetive Clóvis disse que jamais esqueço, que um sol frio tem seus planetas frios, e um sol quente tem os seus planetas quentes. É uma metáfora óbvia, mas hoje eu sei o quanto que uma energia diferente pode mudar o mundo ao nosso redor.

Cinthia