A Culpa é das Estrelas

Por Cinthia

 A culpa é das estrelas narra o romance de dois adolescentes que se conhecem (e se apaixonam) em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o osteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer - a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas.

Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, A culpa é das estrelas é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar. 

Mais informações em: www.aculpaedasestrelas.com 

John Green

288 páginas

Intrínseca

Vivo cada dia como se fosse cada dia. Nem o último e nem o primeiro. Simplesmente o único.

 – Pablo neruda.

Hazel Grace Lancaster é uma garota que foi diagnosticada com câncer na tireoide com 12 anos com metástase no pulmão, tendo um quadro irreversível, então, desde o início ela não teve nenhuma chance de remissão, só a morte eminente. Mas, por incrível que pareça, um remédio que poucos pacientes possuem aceitação orgânica funciona para ela. E sua vida é estendida, dia após dia. Ela sabe que a qualquer momento pode morrer e não quer fazer ninguém sofrer além do necessário. Seus pais são os únicos que sofrerão, não há como evitar isso, mas, ninguém mais, já que ela decide viver seus dias de vida sem conhecer ninguém mais. Preocupada por sua decisão de não fazer ninguém sofrer, sua mãe a insere – a força – em um grupo de apoio para pessoas diagnosticadas com câncer em remissão ou não. Ela encontra ali o Gus que encara a vida de forma diferente, e tenta mostrar isso para ela.

É o primeiro livro que leio desse autor e gostei muito do jogo de palavras, a construção metafórica dele com a filosófica foi muito bem elaborada. Não é qualquer pessoa que consegue usar as palavras e construir um texto que alcance de adolescentes a adultos, em uma proporção incalculável como ocorreu nesse livro. Narrado em primeira pessoa, do ponto de vista de Hazel, mas quem se destacou no livro para mim foi o Augustus Waters, ou Gus e seu amigo Isaac, devido a forma como Gus enfrenta a doença e age com as pessoas ao seu redor. Também acredito que a personalidade do Gus se sobressair sobre a da Hazel foi proposital, já que várias passagens mostram quão parecidos são e se diferem em suas diferenças singulares. Amei esse jogo do contraditório em que o autor montou o texto, gosto de livros bem trabalhados.

- A dor precisa ser sentida – ele disse, e esta era uma frase do Uma aflição imperial...

Todos do livro são pessoas marcadas pela morte, não no sentido figurado, mas todos estão morrendo, e gostei muito do livro trazer à mente do leitor que todos nós estamos morrendo, independente de termos uma doença ou não, mas a morte é um fato e nenhum ser vivo pode correr dela.

Em cada parte da leitura ficava parando e refletindo nas atitudes do Gus para com todos, por ele mostrar em suas ações que fugir da dor só traz a angústia, fugir de qualquer sentimento só o faz ficar maior e maior, até consumir a pessoa. É um livro que traz a reflexão, acredito que não há uma pessoa que o lê e não fique reflexivo.

Após terminar a leitura li várias resenhas do livro, para ver o que achavam a respeito dele, e vários repetiram a mesma coisa de se emocionar a ponto de chorar. A amiga da minha tia foi assistir ao filme e chegou ao trabalho no outro dia com os olhos inchados e empapuçados de tanto chorar. Então, fui desaconselhada a lê-lo por ter perdido entes queridos no dia que iniciei a lê-lo. Claro, tinham medo de que ficasse muito triste. Por incrível que pareça o livro não trouxe sentimentos de tristeza, mas sim a expectativa que devo viver minha vida o hoje como único. Por isso usei a frase inicial de Pablo Neruda.

Talvez outros tenham percebido muito além do que eu nesse livro, ou tenha significado diferente para outras pessoas, mas ele teve um efeito consolador em mim. Sorri muito durante a leitura, e quando terminei não senti nenhuma tristeza ou vontade de chorar por emoção, senti felicidade por entender um pouco do que o autor desejou passar, “Ter vida é vivermos dia após outro, independente do percalço que venha no caminho, é ser feliz e deixar ser amado e amar, mesmo não alcançando seu grande sonho ou desejo”.

O fim? Nada tão mais inesperado poderia ocorrer como reviravolta, apesar de eu ter previsto a probabilidade. E tenho de concordar com Hazel e Gus, a cerimônia de um enterro nada mais é que uma convenção criada pelos vivos. O ser humano vive tanto em suas convenções que se esquecem de viver a vida. Nunca ninguém traduziu melhor tanto conteúdo em um livro do que sempre vi. Quem não leu, leia. Passa uma mensagem muito importante sobre o valor maior em se viver a vida. Afinal cada um de nós deixamos uma cicatriz, cabe decidirmos se boa ou ruim. Compensa ser lido!

- Estou apaixonado por você – ele disse, baixinho.- Eu estou – ele disse, me encarando, e pude ver os cantos dos seus olhos se enrugando. – Estou apaixonado por você e não quero me negar o simples prazer de compartilhar algo verdadeiro. Estou apaixonado por você, e sei que o amor é apenas um grito no vácuo, e que o esquecimento é inevitável, e que estamos todos condenados ao fim, e que haverá um dia em que tudo o que fizemos voltará ao pó, e sei que o sol vai engolir a única Terra que podemos chamar de nossa, e eu estou apaixonado por você.

Em vez de colocar o trailer da adaptação para o cinema, coloquei uma música para quem desejar ouvir.