Loucos, autodestrutivos, viciados, incompreendidos. Muitos dos maiores músicos de jazz da história receberam ao menos um desses epítetos, como nos mostra Geoff Dyer em Todo aquele jazz. O livro apresenta uma mescla entre ensaio e ficção, criando um romance fragmentado a partir de muita pesquisa histórica. Com um olhar afiado, o autor descreve de forma minuciosa os movimentos e descaminhos de artistas como Chet Baker, Duke Ellington, Art Pepper e Thelonious Monk.
Companhia
das Letras
Pág
240
Este
livro é no mínimo curioso.
Mescla
o ensaio, a crítica e a ficção, este grande mix dos vários
estilos literários para falar de um gênero musical, que compartilha
da mesma característica, a improvisação.
Afinal,
o jazz é feito assim, baby, mais improviso do que técnica (claro
que existe uma fileira imensurável de músicos virtuosos no jazz, só
explicando para não me xingarem por aqui,rs).
Embora
o livro “retrate” os grandes expoentes do Jazz (o autor brinca
muito com os supostos fatos da vida de cada músico, não tendo
compromisso com a precisão ou mesmo em alguns casos com a verdade da
cena exposta. Então se você se interessar pelo tema, terá que
correr por fora e verificar os fatos de forma mais pé no chão).
O
autor usou como fonte para a escrita deste livro , em sua grande
maioria, fotos e alguns documentários.
Recriando
assim seus músicos jazzistas, segundo sua própria intuição
iconoclasta e somando a isto, o processo de audição dos álbuns, décadas
depois destes terem sido compostos.
Ser músico de jazz era produzir um som pessoal, descobrir um jeito de ser diferente de todo mundo, nunca tocar a mesma coisa duas noites seguidas. Já no exército queria que as pessoas fossem as mesmas, idênticas, indistinguíveis, parecendo ser iguais, parecendo pensar igual...
Todo
aquele jazz é muito mais uma homenagem de um caloroso amante do
gênero Jazz à seus decrépitos músicos, porém gênios das décadas
de 30, 40 e 50.
Também
curti bastante ver o lado social atrelado ao Jazz.
O
gênero musical jazz como voz de uma geração, maltrapilha e
maltratada por uma América livre, onde todo homem é igual
(sarcasmo).
Jazz
como o hip hop, música de protesto e reivindicação dos direitos
civis dos negros.
Na verdade, ele não tocava piano. Seu corpo era seu instrumento, e o piano, apenas um meio de tirar o som de seu corpo, no ritmo e na quantidade que ele queria. Se alguém eliminasse tudo, menos seu corpo, pensaria que ele estava tocando bateria, o pé subindo e descendo no pedal do chimbau, um braço se erguendo sobre o outro. Seu corpo preenchia todas as pausas na música...
O
Jazz como o grito do oprimido, mas que nunca se deixa vencer pela dor
infligida, faz dela arte, canto, gozo e lugar de descanso para uma
alma confusa e para um corpo desgastado, pela doença mental, droga e
alcool.
Geoff Dyer, escreve um livro pulsante e sensorial.
O
leitor deve ter um espírito livre e ouvidos atentos para se deixar
conduzir pelas estradas áridas dos estados americanos e por suas
casas noturnas, onde estes negões (tinha um ou outro branco
jazzista, mas abafa) mandavam bala em seus instrumentos sempre
afiados e ávidos por encontrar o som perfeito.
Ela olhou seu rosto, esponjoso e cinzento de bebida, e ficou a imaginar se na vida de ambos as sementes da ruína eram congênitas, uma ruína que haviam postergado por alguns anos, mas da qual jamais poderiam escapar. Álcool, heroína, prisão. Não que os músicos de jazz morressem cedo; eles apenas envelheciam mais depressa
Outra
coisa muito bacana, é que no posfácio encontramos uma explanação
dos jazzistas atuais, como também uma grande discografia disponível
ao final do livro.
Bem,
este livro é mais um experimento do que uma simples biografia do
jazz e de seus músicos.
Eu
pessoalmente nunca tinha lido nada sobre jazz e este livro me fez
querer saber mais e ouvir mais o gênero, espero que quem me lê,
sinta o mesmo.
Trilha
sonora que me acompanhou durante a escrita desta resenha - Charles
Mingus - Greatest Hits
Marcia, parece ser um livro muito interessante, e mais ainda por saber que fez com que você interessasse em ouvir e saber mais sobre o Jazz. Um livro que consegue fazer algo assim possui uma característica marcante e alcançou o que pretendia.
ResponderExcluirCinthia, gosto muito quando o livro me pega no intelecto e no emocional, é uma sensação única, e este livro me pegou por completo.
ExcluirIrei passar um tempo com a discografia sugerida pelo autor, quero experimentar cada album e estilo.
Hug
Caraca!
ResponderExcluirUm livro cheio de soul (alma) jazz, né?
O último trecho que você marcou me emocionou, por "n" coisas...
O livro parece denso, porque essa vida noturna é densa. Esse ritmo, apesar da leveza aparente, é denso em reivindicações.
Como sou mais passional do que política, o blues meche mais comigo, mas aprendi a dançar jazz e a sentir esse pulsar dentro do estômago.
Amei de paixão sua resenha, Marcinha!
=D7
Telma, você tá certíssima, é um livro cheio de soul, até porque o jazz nasce do soul, tá tudo juntinho neste caso.
ExcluirE denso é pouco, você se sente parte da vida destes caras durante a leitura, é um livro que merece ser lido, pelo estilo de escrita e pelo tema.
Hug gatona
Marcia!
ResponderExcluirPara mim o melhor estilo musical é o jazz, sempre foi, embora goste de tudo em termos de música, porém a batida do jazz e do soul, são fantásticas.
E sempre soube que surgiu para dar voz aos negros na época em que o preconceito era grande contra eles no início do século XX.
O livro deve mesmo ser fenomenal, adoro suas dicas.
“Que o coelhinho traga muito mais que ovos de chocolate! Que ele lhe traga muita paz, amor, saúde, felicidade, compreensão e carinho. Feliz Páscoa!”.
Cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Rudy
ExcluirEste livro é sensacional, coloque no seu player seu jazz preferido e se jogue na leitura.
Hug :D
Um bom jazz é sempre bom de se ouvir. E pelo que estou vendo aqui de se ler também. Rsrsrs Não conhecia ainda e foi uma agradável surpresa ler sobre a história. Vou procurar ler e conhecer mais sobre ele. Valeu pela dica.
ResponderExcluirBeijos.
Beth
ExcluirNunca tinha lido nada sobre este tema, e fiquei apaixonada, espero que vc também possa compartilhar da mesma emoção lendo este livro.
Hug queridona :D
"Geoff Dyer, escreve um livro pulsante e sensorial" Esta sua frase para definir a forma como o autor escreve foi tocante.
ResponderExcluirNunca li um livro sobre um gênero musical específico e sua resenha me deixou bem cuiriosa para conhecer este estilo.
Pela maneira como a história te emocionou deve ser realmente valiosa a leitura.
Obrigada pelos elogios Khrys, espero que curta a leitura tanto quando eu.
ResponderExcluirSou fascinada por música, já li alguns livros sobre heavy metal e punk, mas sobre jazz, é a primeira vez.
O bom de ler livros de gêneros musicais, é poder ouvir as indicações de albuns top, que seria difícil vc ter acesso por não saber de sua existência.
Hug
Já quero.
ResponderExcluirJaq, pode ir sem medo pra esta leitura e sentir o ritmo intenso jazz corrento em sua mente e corpo.
ExcluirHug:D
Jazz pra mim é igual a Meg Cabot não dou outra chance kkk
ResponderExcluirPepi, tô morta com farofa depois deste teu comentário,rs
ExcluirHug :D
Oiii
ResponderExcluirConfesso que não gosto de Jazz, por isso o livro também não me interessou, mas a historia parece ser boa, só que creio que ele não irá me agradar, pois se trata de algo que não gosto.
Beijos *-*
Camila desencana deste título, já que é impossível separar o jazz da vida desses caras.
ExcluirHug :D
Legal que o livro tenha te feito querer saber mais sobre o jazz, acho isso muito legal. Tipo quando o livro sai da sua realidade e entra na nossa. Uma maravilha ler livro assim, não?!
ResponderExcluirLiih, quem dera todos os livros que pegamos pra ler surtisse este efeito de curiosidade e buscar, seria incrível.
ExcluirFiquei empolgada com o tema e quero ler outras coisas sobre.
Hug :D
Sou meio leigo em relação ao jazz, mas o livro parece inserir e orientar o leitor muito bem pelo gênero musical, seu surgimento, seus músicos, seus improvisos, enfim suas vidas mesmo, contando as motivações que mantiveram o estilo vivendo até hoje, se baseando em fotos e documentários.
ResponderExcluirUma grande aula mostrando que serviu para reivindicar direitos e expor os problemas e preconceitos sofridos pelos negros, nos faz querer ouvir a trilha selecionada pelo autor e descobrir tudo sobre jazz, depois de acompanhar essa recriação feita, sua resenha ficou impecável, instigando o leitor a querer conhecer o trabalho feito pelo Geoff.
David, o autor brinca com o que é real e o que é ficção, mas ele consegue nos inserir na vida dessas caras tão maltratados e geniais.
ExcluirEu particularmente curti demais a leitura deste livro.
Hug :D
os artistas retratados no livro foram tipo Tim Maia para nós brasileiros: foram virtuosis na sua obra, porém na sua vida....
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