Resenha - Supernova: O Encantador de Flechas (Renan Carvalho)

Imersa em uma ditadura implacável, a isolada cidade de Acigam sofre com a ameaça da guerra civil. De um lado, a Guilda, um grupo que utiliza os ensinamentos da Ciência das Energias para exigir direitos para a população. Do outro, um governo tirano, resguardado por soldados especialistas em aniquilar magos nome vulgar dado aos praticantes da tal ciência. No meio desse conflito vive Leran, que, após ser tragado para a rebelião, tenta aprender mais sobre sua misteriosa habilidade de encantar objetos com a energia dos elementos.
Com uma narrativa envolvente e reviravoltas incríveis, Supernova: O Encantador de Flechas é um livro que vai arrebatar os fãs de fantasia

Editora: Novo Conceito
Páginas: 437
Autor: Renan Carvalho

Livros de fantasia não me seduzem. Não há razões específicas. Apenas me sinto nadando sempre na superfície, sem conseguir me envolver com a narrativa e vivenciar a realidade e sentimentos dos personagens. Logo fico cansado e entediado, suportando a leitura em consideração ao autor ou, quando não o considero tanto assim, simplesmente abandono o livro.

Mas nos últimos dias experimentei uma fantasia diferente, que me fez mergulhar um pouco mais fundo e compreender muito bem o universo que me foi apresentado. Mais do que isso, consegui enxergar a veracidade por detrás da fantasia e tudo fez muito sentido.

Essa experiência se chama O Encantador de Flechas, primeiro livro da série SUPERNOVA, do escritor brasileiro Renan Carvalho, republicado este ano pela Editora Novo Conceito. A nova edição vem com ilustrações inéditas e um capítulo extra do livro A Estrela dos Mortos, segundo volume da série.

(Deixarei que a sinopse anuncie a história e os detalhes prefiro que sejam descobertos durante a leitura do livro. Não quero estragar nenhuma surpresa, ok?).

O Encantado de Flechas é uma história veloz. As coisas acontecem muito rápido, ao mesmo tempo que são descritas minuciosamente. Fiquei muito surpreso com a riqueza em detalhes e a sucessão de acontecimentos, o que permitiu profundidade e dinamismo. Quero dizer que o livro entretém ao mesmo tempo que informa. A fantasia tem fundamento e vai ganhando força no decorrer de toda a história.

Essa qualidade da narrativa agregou significado e realidade à trama. Não se trata apenas de um livro que apresenta magia, muitas lutas sangrentas e fatos extraordinários. É possível detectar facilmente o cunho político e a reflexão a respeito da nossa dinâmica social. Desigualdade entre grupos e classes, centralização do conhecimento e poder, atos de corrupção por parte do governo são alguns temas muito reais adornados pela fantasia.

E que fantasia surpreendente!!!

Além de ter uma velocidade eletrizante, o livro está cheio de reviravoltas excitantes. Os acontecimentos são muito repentinos e com detalhes ainda mais inesperados, inseridos com muito bom gosto e fantasiosos na medida certa. É empolgante de verdade!

Mas preciso admitir uma coisa: não tive empatia pelo Leran, o protagonista da história. Não consigo explicar, mas a personalidade do personagem não me encantou. Ele é um jovem forte, determinado, muito talentoso, admirável pela integridade e coragem, but... I don’t know. Acho que ele carrega uma pitada de arrogância juvenil (ou eu estou louco?!)

Mas sinceramente... Esse é mais um ponto forte da narrativa. Leran é um garoto cheio de personalidade, assim como os outros personagens são verossímeis e construídos com muito cuidado. Todo humor, sarcasmo e emoção da história fica muito evidente nas falas e atitudes dos personagens. Isso diverte, contagia, comove e produz muitas outras reações no leitor.

Renan prometeu um livro de fantasia, cumpriu e foi além!

Apesar de ser o primeiro volume de uma série, O Encantador de Flechas tem um desfecho conclusivo e promete muita coisa boa para os próximos livros.

Gostando ou não de fantasia, experimente a série SUPERNOVA. Tenho certeza que você vai ficar tão surpreso quanto eu. Vale muito à pena!!

O Surtos Literários deseja muito sucesso ao novo e talentoso escritor brasileiro!

Beijos e abraços, leitores encantadores.

Luan Andrade