Resenha - Amaldiçoado (Joe Hill)

Ignatius Perrish e Merrin Williams se conheceram muito jovens e o amor que nasceu entre eles era tudo o que duas pessoas podiam desejar na vida. O que não imaginavam era que, depois de quase uma década, sua história estaria fadada a terminar numa terrível tragédia. 

Merrin foi estuprada e morta em condições inexplicáveis e todas as suspeitas recaíram sobre Ig. Após um ano vivendo num purgatório de sofrimento e solidão, ele acorda certa manhã com uma enxaqueca terrível e descobre algo aterrador: haviam nascido chifres em sua cabeça.

A primeira coisa que pensa é que se trata de uma alucinação, fruto de sua mente perturbada e deprimida. Mas logo percebe que os chifres são reais e têm o extraordinário poder de impelir as pessoas a confessar seus pecados e segredos mais obscuros.

Agora Ig vai tirar proveito desse talento macabro para acertar as contas com o monstro que lhe roubou Merrin e acabou com todos os seus sonhos.

Editora: Arqueiro

Autor: Joe Hill

Páginas: 320
por Luan Andrade

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Quando a Telma (Linda) Myrbach me emprestou o Amaldiçoado, eu examinei a capa, li o subtítulo e verbalizei minha primeira impressão:

– Não faz meu estilo, mas parece ser muuuito phoda!

Bom, o Daniel Radcliffe está mesmo todo gostosinho (uau!) na capa, mas acho que não consigo falar o mesmo sobre a história.

Amaldiçoado é um thriller psicológico, construído a partir das memórias e emoções dos seus personagens, especialmente de Ignatius Perrish, o protagonista da história. Um ano após o brutal assassinato de sua namorada, Merrin Williams, Ig acorda com chifres e com uma irresistível capacidade de roubar infames confissões de qualquer pessoa. Aproveitando-se desta misteriosa aptidão, ele decide descobrir quem assassinou a namorada, embora todos acreditem que ele próprio tenha cometido o crime.

O poder de Ig – conhecer as perversões mais secretas de cada pessoa – é um verdadeiro show de sarcasmo e crítica à hipocrisia social. Os personagens expõem todas as mentiras e opiniões absurdas que, obviamente, precisam esconder. Desejos sexuais proibidos, intenções homicidas, sentimentos repulsivos... O pior de cada pessoa é revelado com tamanha naturalidade que se torna cômico.

Essa é a melhor parte da história, o ponto máximo do jogo psicológico!

Algumas revelações são tão absurdas que se tornam angustiantes. O leitor é confrontando com as loucas, cruéis e abomináveis intenções dos personagens. Confesso que fiquei “Oh, my God!!!” umas duas ou três vezes (talvez quatro ou cinco... ou seis. Ok, sete!).

(Não vou falar sobre o comportamento asqueroso de um terceiro personagem para não ser acusado de espalhar spoilers, mas é si...nis...trooo!!)

Eu confesso!

Esperava um suspense mais investigativo, uma narrativa dinâmica, com muitos acontecimentos e situações bizarras. Eu esperava também que Joe Hill me apresentasse um personagem genuinamente diabólico, com uma personalidade cruel e selvagem, ainda que manifestasse traços de vulnerabilidade. E sim, como sempre... eu queria ser surpreendido. Queria perder o sono, pular na cama de tanta excitação (literária, ok?) e soltar exclamações empolgadas!

But, no... :( 

As lembranças de Ig são muitas e extensas, criando flashbacks exaustivos e, em alguns momentos, quase desnecessários. Os eventos atuais vão se arrastando preguiçosamente e as memórias do passado acabam ganhando uma importância um pouco inconveniente. Parece-me que Joe Hill tentou suprimir a monotonia da história enxertando detalhes pretéritos.

O livro é excelente? Digo que não. Eu indicaria? Siiiim!!!!

Amaldiçoado é uma leitura que vale à pena. Mas não espere uma narrativa cheia de suspense, muito menos com acontecimentos apavorantes. Ele é um thriller psicológico leve, na maior parte do tempo, com um toque de humor suuuuper bem-vindo!

Experimente. O livro não despertou nenhum demônio em mim. (Deus é maior! Haha)

Mas quem sabe você não acorda com a cara do Daniel Radcliffe. Huuummm.... Se isso acontecer, me liga, me manda um zap. Pede meu número nos comentários.

Brincadeira! Não ia curtir os chifres (meus podres não podem ser revelados)!

P.S.: O livro ganhou uma adaptação para o cinema, mas evite. Too bad!

Excelentes leituras, diabinhos!!

         Luan