por João Michels
Olá leitores;
Tudo certinho aí com vocês? Espero que sim. Então, hoje eu
vim aqui para comentar e conversar um pouquinho com vocês sobre uma obra da
qual eu li, e sinceramente, não entrou pelo hall das minhas obras favoritas da
vida. Continue me acompanhando e você irá me entender, lembrando que é uma
opinião pessoal, minha e que apesar disto este livro pode agradar muitas
pessoas.
O livro do qual vamos conversar hoje é o Sniper Americano,
escrito pelo ex-SEAL norte-americano Chris Kyle, considerado o mais letal
atirador das forças armadas americanas e publicado numa edição caprichada pela
Intrínseca no Brasil. O livro pode ser enquadrado no gênero das biografias. É
um relato interessante, cru e sem firulas sobre as investidas norte-americanas
no Oriente Médio e sobre as influências da vida militar na vida pessoal de um
fuzileiro.
O livro deu origem ao filme concorrente ao Oscar, e seu
começo já é tenso, digno mesmo de um thriller fantástico. Chris está de
campana, “protegendo” seus compatriotas prestes a invadir um pequeno vilarejo.
Ele vê então uma mulher e uma criança saírem a rua, diferente da maioria das
pessoas, presas em casa com o medo latente do exército. Chris então percebe que
a mulher está com uma granada, e tem que decidir se a matará ou não.
É a partir deste momento e desta escolha que ele começa sua
narração, que por sinal é muito ágil e desenvolvida. Sabe aqueles capítulos que
a gente lê rapidinho, bem escritos, bem amarrados e com uma narrativa
interessante.
Então, é isso.
Acompanhamos a infância de Chris, sua paixão pelas armas
desde a infância, seus hobbies de adolescentes, relacionados a rodeios e que
acaba incentivando seus primeiros trabalhos na adolescência como Cowboy, mas
sempre com o desejo de entrar para o exército.
Aqui ele nos conta também como se apaixonou por Taya. Aqui
mais um ponto positivo. Taya também participa da narrativa, nos contanto fatos
por seu ponto de vista. Com sua participação na narrativa conseguimos entender
e nos sensibilizar um pouco mais com os efeitos causados na vida de um soldado,
que voltando da guerra ou mesmo estando nela, tem que se adaptar a vida em
família.
O livro é isso, um relato biográfico. Um relato militar. Um
relato da guerra. Ele é bem escrito? Sim, ele é. Seu conteúdo e narrativa são interessantes?
Sim, eles são.
Mas por que este livro não entrou na minha lista de
favoritos? Porque o livro é simplesmente
(mais) uma propaganda extremamente patriota dos EUA. Algo que incentiva a
guerra e a morte como algo necessário.
Chris não conseguiu ganhar meu apreço. Durante toda a leitura tive a
sensação de que ele era uma pessoa fundamentalista, agressiva e até mesmo
perigosa. O problema, creio eu, foi a
falta de humanidade do Sniper, que diz que os inimigos são “selvagens”. Ele diz
logo de início que além das 160 mortes oficiais ele queria ter matado mais, não
para se gabar, mas que o mundo é melhor sem inimigos que queiram matar
americanos ou iraquianos que ajudam os americanos. Sabe, Kyle passa em todo o
livro a impressão de não ser uma pessoa do bem (ao menos para mim, não sei se
sou muito Paz e Amor, Sim ao amor e não a guerra hehehe). Cito abaixo alguns
quotes que me deixaram ainda mais enojado com o protagonista.
“As vezes, matar era um jogo.”
“Dar a eles (as pessoas do Iraque) as ferramentas que eles precisavam para progredir não era nem um pouco meu trabalho. Meu trabalho era matar, não ensinar.”
E por fim, tem uma narrativa envolvendo um doente mental em
que ele diz com orgulho:
“Eu o soquei e levei-o aos tapas até o chão”
Enfim, uma autobiografia interessante e super bem escrita de
um sociopata que tem como slogan “Sim, a violência resolve problemas” é o que
você irá ler. Vale a pena? Claro que vale. Leia e tire suas próprias
conclusões, mas prepare-se, não é uma leitura agradável ao estômago. É algo
cru, narrando sem dó nem piedade a maldade e a miséria da natureza humana.
Relato "cru e sem firulas" me motiva ao mesmo tempo que me assusta.
ResponderExcluirEu gostei demais do filme e fiquei curiosa com o que você disse ser um livro bem escrito. Autobiografia bem escrita chama meu nome... e uma que tem o aval de João Michels, fala ainda mais alto.
Beijos, coisa querida.
Amei sua resenha.
Realmente, o cru e sem firulas da medo e motivação... eu digo: LEIA!
ExcluirHehehehehe
Bjocas
João, obrigado pela resenha! Hoje mesmo eu estava folheando o Sniper Americano na Livraria Saraiva (merchandising?), pensando se seria uma boa leitura pra mim.
ResponderExcluirAgora acho que não!
Eu estava atraído justamente por uma possibilidade oposta. Imaginei que o livro poderia me mostrar o lado humano de um matador.
Então, vou deixar o livro no final da fila.
Se um dia eu tiver fôlego e estômago, quem sabe...
Valeu demais pela resenha claríssima!
Abraços!!
Realmente, o lado humano do cara fica meio de lado, ele se mostra um ególatra maníaco huehuehuehue....
ExcluirQuem sabe um dia né Luan?
João!
ResponderExcluirQueria muito ter assistido o filme e até quero ler o livro porque gosto do tema e ainda mais sendo um autobiografia, agora fiquei me perguntando se tudo que ele relata no livro é realmente verdadeiro ou se é apenas propaganda dos EUA, como falou????
E se ele é tão sociopata mesmo, é uma apologia literária aos crimes de guerra, concorda?
cheirinhos
Rudy
Rudy, vc falou perfeitamente o que é o livro na minha opinião:
Excluir"é uma apologia literária aos crimes de guerra"
Eu e o João fizemos a Crítica (Livro e Filme), e, concordando plenamente com sua beleza resenha, julgamos a obra utopicamente, com o perdão do trocadilho, real e cruel.
ResponderExcluir=/
O João estranhou a frieza do personagem, mas atribuí tal fato às mazelas da guerra.
Do mais, como sempre, amei sua resenha.. Como não gostar de argumentos tão bem encaixados!?
<3
Cara, somos foda!
ExcluirVc também é rei dos bons argumentos.
<3
Acho difícil conseguir ler um livro assim, sou contra a violência, mesmo quando impossível de se evitar como nos casos de guerra, assim como você sou da filosofia paz e amor, não acho que violência resolva problemas, pelo contrário, acredito que violência gera violência.
ResponderExcluirNão assisti ao filme e nem pretendo, contudo sou fã das produções americanas, mas detesto sua politica de destroçar inimigos e se o livro trata justamente de algo tão repugnante como o citado, prefiro abster-me deste desconforto. Parabéns pela resenha, dou grande valor as pessoas que dizem o que pensam, mesmo chocando fãs e leitores.
Julielton Souza - Dialética Proposital
Meu filho de 13 anos viu o livro e me pediu pra comprar pra ele , sua resenha me ajudou a dizer não ... ele ainda é muito jovem e não tem a cabeça pra tirar as próprias conclusões! Obrigada!
ResponderExcluirMeu filho de 13 anos viu o livro e me pediu pra comprar pra ele , sua resenha me ajudou a dizer não ... ele ainda é muito jovem e não tem a cabeça pra tirar as próprias conclusões! Obrigada!
ResponderExcluirA razão que me surpreendeu este filme foi porque eu li que não é apenas uma história de guerra, mas o casal tem uma história de amor emocional. Vejo American Sniper tem um elenco de qualidade, que icluso foi nomeado para um Oscar, neste fim de semana irá rever esperança é para o meu gosto.
ResponderExcluirAmei sua resenha, foi bem isso que senti quando li.
ResponderExcluirwww.vestigiodelivros.com.br