04 junho, 2013

Você perguntou, ele respondeu!

 

Jorge Lourenço


Amigos,
Perguntamos e ele respondeu.
Veja a entrevista feita por você e por mim e deixe sua opinião.
*smack*

Como surgiu a ideia de escrever Rio 2054? (MyllaB)
É difícil dizer exatamente de onde veio a história de Rio 2054. De certa forma, ela veio de várias frentes diferentes. Nasceu dos enredos que eu criava nos RPGs de ficção científica da adolescência, da sensação esmagadora de exclusão social que senti crescendo numa favela e, acima de tudo, da minha paixão pela ficção científica. Fosse nos filmes, livros ou mangás, as histórias de ficção sempre me inspiraram muito. Blade Runner, Battle Angel Alita, Neuromancer. O livro tem um pouco disso tudo.

Pode explicar pra gente o que significam dois termos que aparecem na "orelha" do livro: cyberpunk e distópico? Por que esse Rio de Janeiro aqui, é chamado de distópico? (Telma Myrbach)
Bem, Rio 2054 é um livro que se passa num futuro distópico. A distopia é o contrário de uma utopia. Mostra um cenário de uma sociedade falha onde seus defeitos ficam ainda mais expostos. No mundo futurista da obra, uma guerra civil iniciada por conta dos royalties do petróleo resulta na separação do Rio de Janeiro, cujo governo cai nas mãos de um consórcio de multinacionais que controlam a cidade com punho de ferro, separando cruelmente ricos de pobres.
Já o cyberpunk é um estilo de ficção científica muito usado em distopias. Criado no fim dos anos 70 e começo dos anos 80, ele mostra uma sociedade capitalista degradada onde corporações ou estados totalitários dominam a sociedade, a alta tecnologia divide lugar com a pobreza extrema e a rebeldia é palavra-chave em todos os enredos. Filmes como Blade Runner e V de Vingança, por exemplo, têm traços cyberpunk e distópicos.

Tem um personagem que muito me interessou no livro: Lúcia. Por causa dos poderes psíquicos. De onde veio a inspiração para criá-la? (Telma Myrbach) 
Lúcia é um personagem curioso. Dentre todos, ela é o que tem menos inspirações externas. Não usei ninguém ou nenhum personagem como base. Quando a criei, ela deveria se tornar a personificação de toda a revolta social. Ela, em si, deveria somar a raiva de todos que foram “abusados” pelo estado. Seus poderes psíquicos e a violência que ela emprega para acabar com seus adversários são reflexos diretos disso. O nome dela é inspirado no deus zoroastra Angra-Mayniu, que era literalmente “o espírito da destruição”.

Qual foi a parte do livro que mais te animou a escrever e por quê? Qual foi a parte mais difícil de escrever no livro? (Jennifer Oliveira e Felipe S. Alves)
As partes que mais gostei de escrever foram todas as que se passam no centro abandonado. No mundo de Rio 2054, uma bomba nuclear suja é detonada no centro do Rio de Janeiro e essa região fica completamente inabitada por décadas. No entanto, o protagonista Miguel ignora a radiação e é frequentador assíduo do lugar. Descrever o centro de uma cidade em ruínas, completamente abandonado há vários anos é muito melancólico. Só de imaginá-lo, com a grama crescendo nas fissuras do asfalto e prédios desmoronando, é assustador. E era muito divertido.
Sobre a parte mais difícil, eu não lembro de ter encontrado uma parte que poderia julgar exatamente como difícil. Não houve nenhum momento em que fiquei emperrado ou não consegui avançar. Acho que a única dificuldade foi fazer a narrativa dos dois duelos de motoqueiros que acontecem na história. As Batalhas das Gangues são muito caóticas e tive que fazer um script mental para coloca-las no papel da maneira correta.

Gostaria de saber como foi seu processo de escrita e quais suas influencias literárias, cinema, quadrinhos e afins. (Márcia Cogitare)
Bem, meu processo de escrita não teve muito mistério. Durante dois meses, me dediquei exclusivamente ao livro, escrevendo da manhã até o fim do dia. Foi um período sensacional, onde caí de cabeça na história que eu já tinha desenhado na minha cabeça ao longo de anos.
Sobre as inspirações, são várias. Akira, Neuromancer, Ghost in the Shell, V de Vingança, Battle Angel Alita, filmes do Quentin Tarantino. Eu sempre vivi imerso nesse tipo de cultura e acho que isso acabou muito espelhado em Rio 2054.

Rio 2054 está voltado para todo tipo de público? (Vinicios Souza)
Isso é difícil definir, rs. Rio 2054 é um livro de ficção científica, mas não é aquilo que as pessoas chamam de hard sci-fi, ou seja, um livro voltado exclusivamente para quem gosta do gênero. Antes de tudo, Rio 2054 é uma aventura cheia de reviravoltas, crítica social, ação e alta tecnologia. Acho que é um livro ideal para qualquer um disposto a encarar uma boa aventura literária.

Gostei muito da capa do livro, a ideia foi sua? Quem produziu foi a editora? (Fernanda)
A ideia foi minha. Desde o começo da obra, eu sabia que a imagem do centro abandonado era muito forte. E a grande maioria dos leitores concordava, via naquela parte da cidade destruída e completamente abandonada uma desolação aterradora. E, quando eu penso num símbolo do centro do Rio, a primeira imagem que me vem à cabeça é a Central do Brasil.
Eu fiz a foto e o conceito, mas a montagem ficou por conta de um primo meu, Pedro Henrique de Souza, que é artista gráfico. Sem ele, a capa não teria ficado tão boa. Ele fez um trabalho sensacional. Quando vi o resultado, me empolguei ainda mais com o livro.


Há algum personagem que você tenha se inspirado em alguém da vida real? E há algum personagem do qual você tenha "emprestado" a sua personalidade? (Oscar L.)
Bem, o Miguel tem muito de mim quando era mais novo e alguns personagens foram baseados em amigos e familiares. Nicolas e Anderson são dois amigos meus (com nomes trocados, claro) enquanto a Amélia é a minha bisavó (desde a aparência até a profissão, de certa forma). Acho que isso ajuda a deixar alguns personagens ainda mais reais, faz com que você consiga descrever suas reações e ações com muita naturalidade.  

Como foi a dificuldade de publicar o livro? O que o apoio da sua família e amigos significou pra você durante esse processo? Pensou em desistir em algum momento? (Bruno Carvalho)
 Durante o processo de publicação de Rio 2054, recebi propostas de algumas editoras depois de enviar os originais, mas optei pela Novo Século por confiar no reconhecimento deles no mercado literário. A procura por uma editora não demorou muito, apenas uns dois ou três meses. Mas é um tempo de tensão. Você fica meio no ar, sem saber o que fazer. Mandei exemplares do livro ainda não publicado para resenhistas do Skoob e tive a belíssima surpresa de receber resenhas muito positivas antes mesmo da publicação. Foi uma satisfação incrível. Nesse tempo todo, minha esposa Deborah (praticamente minha revisora!) foi imprescindível . :) 

Sempre teve o desejo de ser escritor ou foi uma decisão repentina? (Vinicios Souza)
Escrever sempre fez parte de mim. Quando estava no primário, lembro de entregar para uma professora uma redação que ficou para dever de casa e ela me dar uma bronca dizendo que eu tinha copiado aquilo de algum lugar, que não podia ser um texto meu. Ainda bem que consegui convencê-la do contrário, rs.
Sempre amei ler e escrever e o desejo de ser escritor era antigo, mas era algo que eu sabia que seria extremamente difícil. Especialmente porque o maior desafio é arranjar tempo para escrever e se dedicar ao seu livro. E, sendo jornalista, tempo é um bem muito escasso.


Bem....
Muito obrigada aos amigos que me ajudaram nessa entrevista, com suas perguntas tão ricas e a Jorge Lourenço, pela disponibilidade farta em respondê-las!
Um abraço meu em cada um de vocês!

6 comentários:

  1. Hey, Telma! Hey Jorge Lourenço!
    É muito bom vermos nossas perguntas respondidas aqui no Livro com Dieta. Já que Rio 2054 é uma aventura cheia de reviravoltas, crítica social, ação e alta tecnologia, não posso deixar de ler.
    Achei perfeita a resposta onde ele afirma que sua redação ficou tão boa que a professora achou que ele havia copiado (professora desconfiada!).

    Abraços! :D
    Vini - Um Jovem Leitor

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  2. Oi Vini!
    Eu amei as respostas do Jorge!
    Já terminei o livro e colocarei a resenha aqui no próximo fim de semana.
    Na sequência teremos o sorteio.
    Esse é um livro para se ter para sempre! Abusadamente bem escrito.
    ;)

    Abração

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    Respostas
    1. Concordo plenamente com você, Telma.
      Também amei as perguntas dos leitores e as respostas do Jorge. E o livro é realmente fantástico! ;)
      Acabo de conhecer este blog e já me apaixonei. Eu amo livros! ;)
      Abraço,
      Fátima Rufino.

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  3. Oi!
    Nossa, gostei muito das respostas. Realmente a capa do livro é incrível. Um amigo meu está lendo, estou na fila de espera haha
    Estou esperando ansiosa pela sua resenha Telma.
    Beijos *---*

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    Respostas
    1. Mylla, sua linda!
      Juntamente com a resenha virá o sorteio!
      Espero que goste de ambos.
      muitos beijos
      :)

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  4. Sensacional esta entrevista, as pessoas que participaram com suas perguntas foram muito felizes e o autor deu um show nas respostas.

    Acredito que todos ficaram numa neura pra lerem o livro Rio 2054.

    Parabéns à Telma, que sempre nos traz somente o filé de livros e seus autores.

    E sucesso ao autor Jorge Lourenço

    :) Hug

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